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Imbecis digitais: “eu fui” ou “eu sou”?

Jairo Bouer

12/11/2019 04h00

Crédito: Fotolia

Com a rapidez e a impulsividade com que personalidades das mais diferentes origens e matizes postam seus comentários em suas diversas plataformas digitais, uma profusão nunca vista de imbecilidades tem sido divulgada aos quatro cantos da internet e, muitas delas "pegam" e "viralizam".

 Políticos, médicos, jornalistas, cantores, atores, influenciadores digitais, ninguém escapa da armadilha. Dependendo do tamanho da imbecilidade, ela exige uma estratégia que temos visto com frequência cada vez maior também: as tentativas de retratação ou pedidos de desculpa digitais, muitas vezes articuladas por agentes especializados em tentar "varrer a poeira" para baixo do tapete virtual.

Ok, todos somo humanos e passíveis de erro. Quem nunca errou, que atire a primeira pedra! A questão é que o "erro digital", como tudo que acontece nesse meio, pode alcançar proporções estratosféricas e, o impacto emocional e prejuízo social sentidos pela vítima do erro variam na mesma escala.

Mas será que, apesar do impacto incalculável na vida de quem sofreu o "deboche" ou o "ataque", quem cometeu a imbecilidade, aprende com seu erro? Esse, a meu ver, é o grande divisor de águas entre o "eu fui um imbecil" e o "eu sou um imbecil".

A reincidência em imbecilidades digitais tem sido encontrada, também, com frequência cada vez maior. E essa reincidência pode falar muito mais a respeito da personalidade, da ética, dos valores, do comportamento (digital ou não) de quem insiste em ser imbecil do que as vãs tentativas de apagar os múltiplos focos de incêndio causados no ecossistema virtual.

No fundo a questão é muito simples e não são as telas que definem uma diferença de padrão de resposta: será que eu aprendo, de fato, com meu erro e vou tentar ser uma pessoa melhor, ou, vou continuar achando que tudo bem falar o que der na minha telha e dane-se quem se ofender com isso?

Se eu continuar a achar que "likes", seguidores e popularidade valem eventuais "escrotices" digitais, ou pior, se eu não consigo perceber quando estou sendo um "babaca" digital, o buraco reside muito mais embaixo. E, aí, dá muito mais trabalho mudar!

Imagine se houvesse algo como uma carteira de habilitação digital e, quem atingisse o teto de infrações fosse punido com a suspensão do direito de teclar? Será que as pessoas iriam cometer menos imbecilidades? Aposto que sim! Mas é triste constatar que nós, humanos digitais, ainda precisamos de limites externos e punições para aprender a melhor forma de se relacionar com o outro! E, perceba, que não estou propondo uma internet sem gosto, sem graça e sem humor, mas sim um ambiente saudável, inteligente e de respeito. Uma coisa não exclui a outra!

De qualquer maneira, como aprender nunca é demais em nenhum campo de conhecimento e da vida, fica aqui minha proposta: que tal educação para cidadania digital para quem insiste em ser imbecil em suas redes?

 

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Sobre o autor

Jairo Bouer é médico formado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e bacharel em biologia pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Fez residência em psiquiatria no Instituto de Psiquiatria da USP. Nos últimos 25 anos tem trabalhado com divulgação científica e comunicação em saúde, sexualidade e comportamento nos principais veículos de mídia impressa, digital, rádios e TVs de todo o país.

Sobre o blog

Neste espaço, Jairo Bouer publica informações atualizadas e opiniões sobre biologia, saúde, sexualidade e comportamento.