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Menos de 10% dos jovens seguem conselhos sobre telas, sono e exercício

Jairo Bouer

02/10/2019 20h45

Uma hora de exercícios físicos vigorosos, não mais que duas horas por dia em frente às telas e ao menos oito horas de sono – isso é o que todas as crianças e adolescentes deveriam cumprir a cada 24 horas para manter a saúde física e mental. As diretrizes são parte de um movimento lançado por pesquisadores canadenses, mas são poucos os jovens que seguem as recomendações.

Um estudo feito no Reino Unido mostra que, por lá, menos de 10% dos garotos e garotas de 14 anos cumprem as três metas. Os resultados, baseados em uma amostra representativa da população local, foram publicados na revista médica Jama Pediatrics.

Mais de três quartos dos adolescentes gastavam mais de duas horas por dia em aparelhos como tablets, smartphones ou videogame. Segundo os autores da pesquisa, das universidades Loughborough e College London, isso é o que impede os jovens de se exercitar mais e dormir melhor.

A recomendação mais atendida foi a referente ao sono – quase 90% dos 4.000 adolescentes incluídos no estudo relatavam dormir pelo menos oito horas em dias de aula. Os rastreadores utilizados pelos participantes revelaram que apenas 40% atingiam o nível recomendado de atividade física moderada ou vigorosa. E só 23% deles passavam no máximo duas horas por dia interagindo com tablets, smartphones, computadores ou TVs.

Os pesquisadores notaram que adolescentes com sintomas de depressão eram menos propensos a atender às três recomendações que os outros. A descoberta faz sentido: o uso exagerado da tecnologia pode, mesmo, deflagrar isolamento e emoções negativas, segundo estudos. Como dormir direito e fazer atividade física funcionam como preventivo contra ansiedade e depressão, esses jovens ficariam vulneráveis aos quadros.

Recentemente, especialistas do Royal College of Pediatrics, que reúne pediatras britânicos, divulgaram que é impossível recomendar um limite de uso de tecnologia que seja aplicável para todas as crianças e adolescentes. Em vez de estabelecer uma regra geral, eles sugerem que os pais fiquem atentos e saibam identificar se o tempo dedicado às telas interfere em outras atividades, como a convivência com a família, sono e exercício físico. Prestar atenção em como a tecnologia é usada também é importante – atividades que envolvem aprendizado e interação seriam melhores para os jovens.

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Sobre o autor

Jairo Bouer é médico formado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e bacharel em biologia pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Fez residência em psiquiatria no Instituto de Psiquiatria da USP. Nos últimos 25 anos tem trabalhado com divulgação científica e comunicação em saúde, sexualidade e comportamento nos principais veículos de mídia impressa, digital, rádios e TVs de todo o país.

Sobre o blog

Neste espaço, Jairo Bouer publica informações atualizadas e opiniões sobre biologia, saúde, sexualidade e comportamento.