Cirurgias para aumento peniano são arriscadas, alertam pesquisadores
Jairo Bouer
24/05/2019 20h47
A equipe, do King`s College de Londres, no Reino Unido, analisou 17 estudos científicos que envolveram 21 tipos de intervenções (cirúrgicas e não cirúrgicas) realizados por, ao todo, 1.192 homens de diferentes países. A conclusão é que a maioria dos procedimentos não funciona, e alguns podem deixar os pacientes com cicatrizes físicas ou psicológicas.
Em um artigo publicado no periódico Sexual Medicine Reviews, os pesquisadores relatam que alguns homens até conseguiram algum aumento, mas insatisfatório. Para piorar, muitos ficaram com deformidades no pênis, dormência permanente ou com problemas de ereção. Outra questão apontada é que os pacientes pagam caro para se arriscar – alguns até o equivalente a RS$ 120 mil, sem qualquer garantia de sucesso.
Vale mencionar que, no Brasil, procedimentos cirúrgicos de aumento peniano são definidos pelo Conselho Federal de Medicina como experimentais, ou seja, só podem ser feitos no âmbito de pesquisa e, portanto, não podem ser cobrados. A Sociedade Brasileira de Urologia reforça que "não há estudos ou dados científicos que confiram credibilidade, eficácia ou segurança de qualquer técnica de aumento das dimensões penianas".
O que mais chama atenção é que a maioria dos participantes do estudo britânico tinha um tamanho de pênis considerado normal. Para esses homens, o melhor tratamento é psicológico. Boa parte deles tem o que a gente chama de transtorno dismórfico corporal, que envolve uma insatisfação obsessiva com a aparência.
O tamanho considerado normal para um pênis pode variar bastante entre os países pesquisados. Para se ter uma ideia, a média do brasileiro é em torno de 13 centímetros quando ereto, o equivalente a uma caneta esferográfica sem tampa. É bom lembrar que a cavidade da vagina mede cerca de oito centímetros, e as mulheres costumam se incomodar com pênis muito grandes. Ou seja: o tamanho que pode fazer sucesso num vídeo pornô nem sempre agrada na cama.
Sobre o autor
Jairo Bouer é médico formado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e bacharel em biologia pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Fez residência em psiquiatria no Instituto de Psiquiatria da USP. Nos últimos 25 anos tem trabalhado com divulgação científica e comunicação em saúde, sexualidade e comportamento nos principais veículos de mídia impressa, digital, rádios e TVs de todo o país.
Sobre o blog
Neste espaço, Jairo Bouer publica informações atualizadas e opiniões sobre biologia, saúde, sexualidade e comportamento.