Quando o colega de trabalho de um atrapalha o sono dos dois
Jairo Bouer
14/12/2018 18h25
Sabe aquele chefe ou colega de trabalho grosso, sem noção, que deixa sua mulher ou seu parceiro com os nervos à flor da pele? Sinto lhe informar, mas ele pode estar por trás do seu cansaço crônico. Pesquisadores norte-americanos afirmam que esse tipo de situação pode afetar não apenas o sono de um funcionário, mas também de quem dorme com ele.
O estudo das universidades de Portland e de Illinois considerou entrevistas com 305 casais em que ambos trabalhavam. Foram considerados diferentes tipos de empregos e classes socioeconômicas, de acordo com os dados publicados na revista Occupational Health Science.
Os autores, liderados pela professora e pesquisadora Charlotte Fritz, dizem que as queixas contra indivíduos agressivos, que utilizam linguagem depreciativa e são rudes nas reuniões são frequentes. Os funcionários afetados por essa falta de civilidade costumam pensar mais em trabalho quando estão em casa e relatam sintomas de insônia, como dificuldade para adormecer ou acordar no meio da noite e não dormir mais.
A pesquisa foi um pouco mais longe e examinou os problemas de sono dos parceiros desses funcionários. Eles descobriram que a contaminação é inevitável, mas apenas quando o cônjuge trabalha na mesma empresa ou tem o mesmo tipo de ocupação.
Quando duas pessoas vivem juntas e trabalham na mesma área, existe uma tendência maior a compartilhar os problemas com o parceiro. Por causa disso, ambos são tragados para o assunto, e perdem o sono por causa disso.
Os autores acreditam que as empresas devem fazer o possível para coibir a cultura da grosseria. Mas controlar o comportamento de todos os funcionários nem sempre é fácil.
Para quem é obrigado a conviver com um indivíduo assim, a recomendação é fazer um esforço extra para se desligar do trabalho ao chegar em casa, com alguma atividade envolvente e prazerosa que envolva o parceiro. Hobbies e meditação também podem ajudar.
Mas desabafar com o parceiro não é importante? Sem dúvida. Mas é importante que, depois da conversa, o casal mergulhe em algum outro assunto mais leve, ou vá assistir a um seriado que ajude a descontrair, para que as ruminações não sejam levadas para a cama.
Sobre o autor
Jairo Bouer é médico formado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e bacharel em biologia pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Fez residência em psiquiatria no Instituto de Psiquiatria da USP. Nos últimos 25 anos tem trabalhado com divulgação científica e comunicação em saúde, sexualidade e comportamento nos principais veículos de mídia impressa, digital, rádios e TVs de todo o país.
Sobre o blog
Neste espaço, Jairo Bouer publica informações atualizadas e opiniões sobre biologia, saúde, sexualidade e comportamento.