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Super-heróis podem não ser uma boa influência para o seu filho

Jairo Bouer

02/11/2018 21h39

Crédito: Pixabay

Filmes de super-heróis são sempre sucesso de bilheteria e um chamariz para jovens e crianças. Mas pesquisadores da Academia Americana de Pediatria alertam que os protagonistas podem não passar uma mensagem tão positiva assim do "bem contra o mal". Segundo eles, os mocinhos, nesses longa-metragens, podem se envolver em mais atos de violência do que os próprios vilões.

A conclusão se baseia em uma análise detalhada de dez filmes de super-herói lançados nos últimos anos. Os personagens principais foram divididos em bandidos e bons moços, e com ajuda de uma ferramenta padronizada, todos os atos de violência foram compilados e analisados.

Os pesquisadores registraram uma média de 23 atos violentos por hora associados aos protagonistas, enquanto os antagonistas, ou seja, os vilões, contabilizaram 18. Os resultados serão apresentados em uma convenção na Flórida, na próxima semana.

Para os autores, crianças e adolescentes encaram os super-heróis como modelos a serem seguidos, e podem se deixar influenciar pelos comportamentos de risco dos mocinhos. O apelo é claramente mais forte para os garotos, já que personagens masculinos estão envolvidos em quase cinco vezes mais atos de violência do que os femininos, segundo a pesquisa.

Os atos mais cometidos pelos protagonistas dos filmes analisados foram lutas (1.021 cenas, no total), uso de arma letal (659), destruição de propriedade (199), assassinato (168) e intimidação ou tortura (144). Para os antagonistas, o mais comum foi uso de arma letal (604), seguido de lutas (599), intimidação ou tortura (237), destruição de propriedade (191) e assassinato (93).

Para ajudar a neutralizar a influência negativa que os filmes podem ter sobre as crianças, os autores sugerem que os pais ou cuidadores assistam junto e comentem o conteúdo, para estimular o pensamento crítico dos jovens. É possível aproveitar a situação para discutir sobre as consequências da violência com os filhos. A passividade pode transmitir a mensagem implícita de que os pais e a sociedade aprovam esse tipo de comportamento, apesar de todo mundo saber que é tudo ficção.

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Sobre o autor

Jairo Bouer é médico formado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e bacharel em biologia pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Fez residência em psiquiatria no Instituto de Psiquiatria da USP. Nos últimos 25 anos tem trabalhado com divulgação científica e comunicação em saúde, sexualidade e comportamento nos principais veículos de mídia impressa, digital, rádios e TVs de todo o país.

Sobre o blog

Neste espaço, Jairo Bouer publica informações atualizadas e opiniões sobre biologia, saúde, sexualidade e comportamento.