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Jovens que bebem e fumam têm artérias endurecidas já aos 17 anos

Jairo Bouer

29/08/2018 22h27

Crédito: Fotolia

Uma das maiores dificuldades na hora de convencer os jovens a manter distância do álcool e do cigarro é que muitas das consequências terríveis dessas substâncias à saúde demoram um tempo para aparecer. Mas estudos têm mostrado que os prejuízos já podem ser observados cedo. Bem cedo. Com apenas 17 anos de idade, adolescentes que bebem e fumam, mesmo que só de vez em quando, já têm as artérias endurecidas.

Essa rigidez nas artérias, as veias que alimentam o coração, indica o risco futuro de uma pessoa sofrer  infarto ou derrame. Por isso, os dados divulgados na Revista Europeia do Coração são preocupantes.

A equipe de pesquisadores, da Universidade College London, no Reino Unido, avaliou dados de 1.266 adolescentes durante um período de cinco anos, enquanto eles tinham de 13 a 17 anos de idade.

Como eles já esperavam, o dano foi mais elevado para os jovens que bebiam e também fumavam cigarro. Mas os efeitos foram observados mesmo entre aqueles que usavam as substâncias eventualmente.

O único resultado positivo é que a interrupção dos hábitos ainda na adolescência foi capaz de fazer as artérias voltarem ao normal. Um em cada cinco jovens fumava no período em que a pesquisa foi feita, risco que foi mais alto quando a família também era tabagista. Naqueles que fumavam mais, o aumento relativo no nível de enrijecimento das artérias foi de quase 4%.

Os adolescentes demonstraram uma preferência maior por cerveja, e aqueles que consumiam mais de dez latinhas em uma única ocasião, o chamado beber pesado episódico, ou "em binge", tiveram um aumento relativo de 4,5% no endurecimento das artérias.

Ao se comparar adolescentes que bebiam e fumavam muito, o aumento ultrapassou 10% em comparação com aqueles que nunca fumaram e que bebiam pouco. As quantidades foram mais importantes do que o tempo de exposição às substâncias, segundo o estudo.

O beber pesado episódico também já causa danos no fígado mais rápido do que se imaginava, segundo experimentos publicados no ano passado, com ratos, por cientistas da Universidade da Califórnia. Nos animais, apenas 21 episódios de bebedeira foram suficientes para causar um nível de inflamação no órgão que nem diversos anos de consumo moderado são capazes de provocar.

Muitos desses jovens que exageram apenas no fim de semana acabam diminuindo a quantidade depois que amadurecem. Mas é possível que essa mudança de padrão ocorra quando os danos já são irreversíveis. Por isso é bom aprender a moderar cedo.

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Sobre o autor

Jairo Bouer é médico formado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e bacharel em biologia pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Fez residência em psiquiatria no Instituto de Psiquiatria da USP. Nos últimos 25 anos tem trabalhado com divulgação científica e comunicação em saúde, sexualidade e comportamento nos principais veículos de mídia impressa, digital, rádios e TVs de todo o país.

Sobre o blog

Neste espaço, Jairo Bouer publica informações atualizadas e opiniões sobre biologia, saúde, sexualidade e comportamento.