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Abuso, bullying e rejeição na família são realidade de jovens LGBT

Jairo Bouer

16/05/2018 18h36

Crédito: Fotolia

Uma grande pesquisa com adolescentes gays, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros com menos de 18 anos mostra que 20% deles já sofreram abuso sexual, e 11% revelaram ter sofrido estupro por causa de sua identidade de gênero. Além disso, 78% já sofreram ameaças verbais e 70% sofreram bullying na escola.

O levantamento também mostrou que 67% dos jovens que assumem sua identidade ou orientação sexual costumam ouvir integrantes da família fazerem comentários negativos sobre a população LGBT. Entre aqueles que não "saíram do armário", a proporção chega a quase 80%. Apenas 24% dos entrevistados podem ser "totalmente eles mesmos" quando estão em casa.

O trabalho, conduzido por pesquisadores da Universidade de Connecticut, mostra que esses adolescentes vivenciam altos níveis de estresse, ansiedade e rejeição. E é claro que isso se reflete na saúde mental desses jovens: 95% deles têm dificuldade para dormir à noite e 77% relataram sintomas depressivos.

O "LGBTQ Teen Survey" é considerado uma das maiores pesquisas já feitas com essa população. Os dados recém-divulgados foram coletados a partir de entrevistas online com mais de 12 mil adolescentes de 13 a 17 anos de idade, de todos os estados norte-americanos.

Se já não é fácil enfrentar o preconceito de familiares e colegas, a escola enquanto instituição acolhe esses adolescentes. Apenas 26% dos entrevistados relataram se sentir seguros nas salas de aula, e somente 5% disseram que todos os professores e funcionários demonstram apoio aos indivíduos de minorias sexuais.

Metade dos jovens transexuais ou transgêneros comentaram que nunca usam o banheiro da escola porque não têm permissão para usar aquele que se alinha com sua identidade de gênero. Essa é uma questão que tem gerado bastante polêmica nos EUA: no ano passado, o presidente Donald Trump revogou uma orientação do ex-presidente Barack Obama de 2016, que obrigava as escolas públicas a permitir que os alunos transgêneros escolhessem qual banheiro usar, como também prevê a lei brasileira.

Segundo os pesquisadores, os entrevistados deixaram bem claro que ter uma família que demonstre apoio e uma escola inclusiva são aspectos determinantes para o bem-estar. Além de interferir na saúde mental desses jovens, esses fatores ajudariam muito a coibir situações de abuso e violência.

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Sobre o autor

Jairo Bouer é médico formado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e bacharel em biologia pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Fez residência em psiquiatria no Instituto de Psiquiatria da USP. Nos últimos 25 anos tem trabalhado com divulgação científica e comunicação em saúde, sexualidade e comportamento nos principais veículos de mídia impressa, digital, rádios e TVs de todo o país.

Sobre o blog

Neste espaço, Jairo Bouer publica informações atualizadas e opiniões sobre biologia, saúde, sexualidade e comportamento.