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Ambiente pode ser capaz de reverter tendência genética à depressão

Jairo Bouer

01/04/2016 20h53

Certas pessoas podem ter uma predisposição genética à depressão. Porém, cada vez mais estudos têm mostrado que fatores ambientais podem ter um peso maior do que se pensa e, portanto, dá para virar o jogo. Pesquisadores da Universidade de Northwestern, nos Estados Unidos, comprovaram a premissa em ratos.

O objetivo do trabalho era avaliar se estímulos positivos, como a psicoterapia, por exemplo, seria capaz de modificar o destino de animais geneticamente programados para a depressão, ou seja, submetidos a fatores estressantes ao longo de gerações até apresentarem uma condição semelhante a do transtorno em humanos. Isso era possível de ser constatado pela identificação de biomarcadores – ou certas moléculas – no sangue.

O ambiente de terapia a que os animais foram submetidos era uma espécie de " Disneylândia para ratos", com muito espaço e brinquedos de todos os tipos. Eles foram mantidos no local por um mês. Depois disso, exames constataram que os biomarcadores para depressão foram alterados a ponto de tornarem-se semelhantes aos de cobaias saudáveis.

O comportamento dos roedores também apresentou mudanças depois da "psicoterapia". Colocados em um tanque de água, ratos deprimidos que não passaram pelo tratamento ficaram tão desesperados que sua única reação era flutuar, paralisados de medo. Já as cobaias que ficaram no parque por um tempo nadaram energicamente em volta do tanque até encontrar uma saída, sem demonstrar desespero.

Os pesquisadores também descobriram que os ratos geneticamente programados para a depressão e aqueles que desenvolveram os sintomas por causa do ambiente (como vivenciar uma situação estressante) tiveram alterações em marcadores diferentes. Isso pode contribuir para que, no futuro, os médicos possam diagnosticar e direcionar melhor o tratamento para cada tipo de transtorno.

Os resultados, publicados na revista Translational Psychiatry, da Nature, podem servir de alento para famílias em que há histórico de depressão. Tudo indica que um ambiente propício ou uma boa psicoterapia são capazes de reverter o destino imposto pelos genes.

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Sobre o autor

Jairo Bouer é médico formado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e bacharel em biologia pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Fez residência em psiquiatria no Instituto de Psiquiatria da USP. Nos últimos 25 anos tem trabalhado com divulgação científica e comunicação em saúde, sexualidade e comportamento nos principais veículos de mídia impressa, digital, rádios e TVs de todo o país.

Sobre o blog

Neste espaço, Jairo Bouer publica informações atualizadas e opiniões sobre biologia, saúde, sexualidade e comportamento.