Corpo em forma de maçã é associado à perda de controle ao comer
Jairo Bouer
13/11/2015 17h36
O trabalho também demonstrou que as mulheres com mais gordura na barriga e no tronco são as que relatam menor satisfação com a sua imagem corporal, o que também pode ter a ver com a perda de controle sobre a alimentação e o desenvolvimento de transtornos alimentares como anorexia, bulimia e comer compulsivo.
Segundo os pesquisadores, a sensação de perda de controle diante da comida é considerado o elemento mais importante dos episódios de compulsão alimentar, mais até do que a quantidade de alimento ingerida. Por isso, eles queriam verificar se essa sensação aumentaria o risco de desenvolver um transtorno como a bulimia, por exemplo, em pessoas saudáveis.
Para isso, eles contaram com 300 jovens adultas, que foram avaliadas no início do estudo, depois de seis meses e depois de um ano. Elas também tiveram sua distribuição da gordura corporal analisada.
Os pesquisadores descobriram que as mulheres com maiores depósitos de gordura central foram mais propensas a ter episódios de perda de controle diante da comida. Elas também apresentavam maior insatisfação com o próprio corpo, independente do percentual de gordura corporal e dos níveis de depressão apresentados.
O aumento de uma unidade no percentual de gordura concentrada na região do tronco e da barriga foi associado a uma elevação de 53% no risco de desenvolver perda de controle ao comer nos dois anos seguintes. Já o percentual total de gordura não foi associado à propensão maior a comer sem conseguir parar. Ou seja: o que importa é a localização, e não a quantidade de gordura.
Os autores, em artigo publicado no American Journal of Clinical Nutrition, esclarecem que são necessários mais estudos para entender o que está por trás dos resultados. Uma das hipóteses s é que esse tipo de distribuição de gordura não apenas afeta as mulheres psicologicamente, como também poderia interferir nos sinais de fome e saciedade.
Esse tipo de estudo é importante porque, quanto mais cedo um transtorno alimentar é identificado, maiores as chances de sucesso do tratamento. Embora os pesquisadores conheçam fatores psicológicos envolvidos nesses problemas, ainda faltam informações sobre eventuais bases biológicas.
Sobre o autor
Jairo Bouer é médico formado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e bacharel em biologia pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Fez residência em psiquiatria no Instituto de Psiquiatria da USP. Nos últimos 25 anos tem trabalhado com divulgação científica e comunicação em saúde, sexualidade e comportamento nos principais veículos de mídia impressa, digital, rádios e TVs de todo o país.
Sobre o blog
Neste espaço, Jairo Bouer publica informações atualizadas e opiniões sobre biologia, saúde, sexualidade e comportamento.