Beber muito em poucas horas prejudica a imunidade, mostra estudo
Jairo Bouer
29/12/2014 14h24
Um experimento mostrou que, algumas horas depois de beber quatro ou cinco doses de vodca, adultos jovens ficaram com o sistema imunológico menos ativo em comparação com o período anterior à bebedeira.
Já foi comprovado que beber muito aumenta o risco de quedas, fraturas, queimaduras, ferimentos a bala e acidentes de carro. Cerca de um terço dos pacientes hospitalizados devido a traumas apresentam algum teor de álcool no sangue.
Mas, segundo os autores do estudo, liderados por Majid Afshar, além de aumentar o risco de lesões, o consumo excessivo de álcool prejudica a capacidade do organismo de se recuperar delas. Ou seja: a perda de sangue aumenta, as feridas demoram mais para cicatrizar e os pacientes são mais propensos a pegar pneumonia e infecções hospitalares.
O "binge drinking", ou "beber pesado episódico", é caracterizado pelo consumo de mais de quatro doses, para homens, ou cinco doses, para mulheres, em cerca de duas horas. Nos Estados Unidos, um a cada seis adultos consome álcool dessa forma todo fim de semana.
A equipe contou com oito mulheres e sete homens com idade média de 27 anos. Eles beberam o suficiente para definir um episódio de "binge drinkinkg". Eles tiveram amostras de sangue coletadas 20 minutos, duas horas e cinco horas após o pico de intoxicação por álcool.
Segundo Afshar, nos primeiros 20 minutos após o nível máximo de intoxicação, os voluntários apresentaram aumento da atividade do sistema imunológico – uma reação do organismo à bebida. Entre duas e cinco horas depois, no entanto, o efeito foi justamente o contrário: a imunidade diminuiu. Os resultados foram publicados na revista científica Alcohol.
Dá para concluir que uma única bebedeira predispõe o organismo a doenças. Imagine o que acontece para quem repete o ritual todo sábado e ainda nas festas que caem no meio da semana?
Sobre o autor
Jairo Bouer é médico formado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e bacharel em biologia pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Fez residência em psiquiatria no Instituto de Psiquiatria da USP. Nos últimos 25 anos tem trabalhado com divulgação científica e comunicação em saúde, sexualidade e comportamento nos principais veículos de mídia impressa, digital, rádios e TVs de todo o país.
Sobre o blog
Neste espaço, Jairo Bouer publica informações atualizadas e opiniões sobre biologia, saúde, sexualidade e comportamento.