Estudo investiga desejo de comer coisas estranhas na gravidez
Jairo Bouer
20/08/2014 18h35
Pesquisadores da Universidade de Cornell avaliaram 158 adolescentes grávidas de Rochester, no Estado de Nova York, e detectaram a compulsão em quase metade delas, uma proporção bastante alta. O desejo mais comum – que afetava 82% – era o de comer grandes quantidades de gelo.
Eles descobriram que essas jovens tinham níveis significativamente mais baixos de ferro em comparação com as que não tinham alotriofagia.
Adolescentes grávidas, de forma geral, têm risco maior de apresentar redução nos níveis de hemoglobina, o que pode levar à deficiência de ferro e anemia. Isso, por sua vez, aumenta o risco de partos prematuros e bebês com baixo peso ao nascer.
De acordo com o trabalho, publicado na edição on-line do Journal of Nutrition, a associação entre anemia e alotriofagia é muito forte. E os problemas ficam mais intensos ao longo da gravidez.
Os pesquisadores explicam que ingerir coisas estranhas não altera os níveis de ferro no organismo. A questão é que a deficiência desse nutriente pode ter um efeito sobre a química cerebral, causando esses desejos.
O estudo foi financiado pelo Departamento de Agricultura e pelos Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos.
Sobre o autor
Jairo Bouer é médico formado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e bacharel em biologia pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Fez residência em psiquiatria no Instituto de Psiquiatria da USP. Nos últimos 25 anos tem trabalhado com divulgação científica e comunicação em saúde, sexualidade e comportamento nos principais veículos de mídia impressa, digital, rádios e TVs de todo o país.
Sobre o blog
Neste espaço, Jairo Bouer publica informações atualizadas e opiniões sobre biologia, saúde, sexualidade e comportamento.