Criança que dorme pouco acumula mais gordura
Jairo Bouer
19/05/2014 12h50
Ao contrário de outros trabalhos, a pesquisa, realizada por uma equipe do Hospital Geral de Massachusetts, nos EUA, e publicado no periódico Pediatrics. indica que não há uma fase mais crítica para a privação de sono. Até então, dizia-se que o perigo era maior nos dois primeiros anos de vida.
Os pesquisadores contaram com dados de entrevistas presenciais com as mães de 1.046 crianças aos 6 meses, aos 3 anos e aos 7, e também com questionários preenchidos por elas ano a ano.
As mães diziam quanto tempo os filhos dormiam à noite e nas sonecas durante o dia. E as crianças tinham não apenas o IMC (Índice de Massa Corporal) calculado, mas também percentuais de gordura e massa magra no corpo, gordura abdominal e circunferências da cintura e quadril medidos em cada entrevista presencial.
Definiu-se como sono insuficiente menos de 12 horas até os 2 anos de idade, menos de 10 horas entre 3 e 4 anos e menos de 9 horas na faixa dos 5 aos 7 anos.
As crianças com menos horas de sono eram as que tinham maiores níveis de gordura no corpo, inclusive a abdominal, considerada a mais perigosa. A associação ocorreu em todas as idades.
Lares com menores rendimentos e cujas mães tinham nível mais baixo de escolaridade foram os mais afetados pela quantidade insuficiente de sono, segundo o estudo.
Ainda não se sabe exatamente qual o mecanismo que faz a falta de sono ser fator de risco para obesidade. Mas a hipótese mais aceita é que dormir pouco altera hormônios que controlam a fome e a saciedade.
Além disso, o cansaço leva os indivíduos a fazerem escolhas menos saudáveis na hora de comer, a gastar menos energia com atividade física e a passar mais horas em frente à TV.
Uma rotina saudável de sono inclui dormir e acordar sempre nos mesmos horários, evitar bebidas ou alimentos com cafeína no fim do dia (inclusive o chocolate!) e nunca usar tablets ou videogames antes de dormir.
Sobre o autor
Jairo Bouer é médico formado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e bacharel em biologia pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Fez residência em psiquiatria no Instituto de Psiquiatria da USP. Nos últimos 25 anos tem trabalhado com divulgação científica e comunicação em saúde, sexualidade e comportamento nos principais veículos de mídia impressa, digital, rádios e TVs de todo o país.
Sobre o blog
Neste espaço, Jairo Bouer publica informações atualizadas e opiniões sobre biologia, saúde, sexualidade e comportamento.