Cinco coisas para a gente prestar atenção em 2020
Fim de ano é sempre uma correria, mas sempre sobra um tempinho para fazer um balanço do que foi realizado e pensar no que ficou para o ano que vem. Em 2019, algumas notícias e perguntas de leitores chamaram atenção para alguns temas que precisamos levar mais a sério se quisermos viver num país mais saudável, física e mentalmente.
- Infecções sexualmente transmissíveis (ISTs)
No mundo todo, o aumento da incidência de algumas infecções sexualmente transmissíveis (IST) bem antigas tem preocupado as autoridades em saúde. O Ministério da Saúde divulgou, este ano, que em 2018 foram notificados mais de 158 mil casos de sífilis adquirida em relações sexuais. Isso significa que houve um aumento de 28,3% em relação ao ano anterior. A tendência reflete a falta de preocupação com o uso da camisinha. Muita gente só descobre que tem a doença quando tem complicações importantes, ou durante a gravidez, o que representa um risco para o bebê. Gonorreia, clamídia, HPV, e HIV são outras infecções que podem ser assintomáticas por algum tempo, e trazem consequências graves mais tarde. Por isso, gente, além do uso correto do preservativo, quem tem vida sexual ativa deve ir ao médico regularmente para fazer exames de rotina.
- Combate ao preconceito
Algumas pesquisas recentes chamam atenção para o impacto que enfrentar estigma e preconceito pode ter para a saúde mental, especialmente dos adolescentes. Um estudo norte-americano com a população LGBTQIA+ com menos de 18 anos mostrou que 70% deles sofreram bullying na escola, além de ouvir comentários negativos da própria família. Outros trabalhos mostram que o estresse gerado por esse tipo de rejeição interfere não só nos índices de depressão e suicídio, como se traduz até em maior risco de doença cardiovascular e infecções. Lutar contra o preconceito e o bullying é algo que depende de toda a sociedade, e deveria ser prioridade, também, de quem governa o país. Ninguém consegue mudar o mundo sozinho, mas se cada um fizer a sua parte, observar sua própria postura e conscientizar quem está ao seu lado, as coisas podem melhorar bastante.
- Prós e contras da maconha
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária deu um passo importante para facilitar o acesso dos brasileiros a produtos com canabidiol (CBD), um derivado da cannabis que não dá barato e pode ajudar pacientes com certas doenças. Estudos sobre o potencial terapêutico da substância para diversas condições continuam em andamento, mas é preciso tomar cuidado com a ideia de que o CBD é uma panaceia. Outra questão é que a divulgação do uso medicinal, além da legalização da maconha em certos países (uma medida ligada ao controle do tráfico), tem aumentado a aceitação da droga. E aí existem dois perigos importantes: o primeiro é o uso entre os jovens. Há evidência suficiente de que, para quem ainda está com o cérebro em formação, a maconha pode causar danos prolongados. O mesmo vale para grávidas que expõem seus filhos à droga – estudos recentes chamam atenção para problemas como o risco de baixo peso ao nascer e vulnerabilidade a infecções. É bom levar em conta que as drogas vendidas hoje em dia possuem níveis mais altos de THC, o composto que, diferente do CBD, pode causar problemas à saúde.
- Sedentarismo e obesidade
Mais uma vez, os dados do Vigitel (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças crônicas por Inquérito Telefônico) alertam para o aumento do sedentarismo e excesso de peso no Brasil. Nos últimos 13 anos, a obesidade aumentou 68%. Hoje, quase 20% da população tem esse diagnóstico, e mais de 55% tem sobrepeso. Outra pesquisa, dessa vez da Organização Mundial da Saúde (OMS), apontou que 89% das brasileiras entre 11 e 17 anos, além de 78% dos garotos da mesma faixa etária não praticam atividade física suficiente. Essas informações são muito preocupantes, já que os exercícios são fundamentais para afastar problemas de saúde física e mental. Fazer atividade regularmente protege o corpo do estresse, combate a inflamação e também melhora a auto-estima. Todo mundo precisa de mais bem-estar, por isso comece com pequenos passos. A diferença lá na frente pode ser grande.
- Mais educação digital, por favor
Os smartphones viraram extensão do nosso cérebro e facilitam bastante a vida da gente. Mas essa revolução tecnológica também trouxe alguns problemas complicados, como o próprio aumento do sedentarismo e de indivíduos com dependência digital diagnosticada. Para além das questões de saúde, queria destacar a necessidade de usar a internet com responsabilidade. Comentários agressivos ou ofensivos podem causar consequências sérias na vida dos outros, por isso todo mundo deve lembrar que a convivência on-line também requer cuidado e empatia. Temos visto muita gente abusar das redes sociais até mesmo durante encontros reais. O ser humano foi lapidado para ter conexões de verdade, e a tecnologia deveria ser usada para facilitar os relacionamentos, e não deixar as pessoas isoladas em casa com seus aparelhos. Minha dica para 2020 é que a gente aproveite melhor os encontros e as conversas olho no olho.
É isso aí. Ótimas festas e bom descanso. Em janeiro a gente está de volta.
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