É preciso mudar a ideia de que namorar é obrigatório na adolescência
Adolescentes costumam sofrer uma pressão enorme por parte dos colegas e até de familiares para arrumar namorado ou pelo menos ficar com alguém. Para essa turma encanada, aqui vai uma boa notícia: jovens que adiam a vida amorosa não necessariamente têm algum problema para se relacionar, nem estão deprimidos. Na verdade, eles podem até ter alguma vantagem nesse sentido em relação aos colegas namoradores, de acordo com um estudo divulgado este mês por uma equipe da Faculdade de Saúde Pública da Universidade da Geórgia, nos EUA.
Estatísticas mostram que a maioria dos jovens tem algum tipo de experiência sexual ou romântica entre os 15 e 17 anos de idade. No Brasil, por exemplo, o estudo PeNSE 2015, do (IBGE) Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, mostrou que quase 30% dos alunos do 9º ano do ensino fundamental já tiveram relação sexual alguma vez na vida.
Todos esses dados fazem as pessoas acreditarem que ter relacionamentos na adolescência é obrigatório, o que não é verdade. Alguns jovens podem ter outras prioridades nessa fase, e nem por isso devem ser motivo de preocupação.
O trabalho, publicado no The Journal of School Health, analisou questionários respondidos por quase 600 adolescentes ao longo de cinco anos, para avaliar seu desempenho social, acadêmico e verificar possíveis sintomas depressivos. Opiniões de professores também foram levadas em conta na pesquisa.
Os resultados mostraram que os estudantes que não namoravam tinham habilidades interpessoais semelhantes ou até melhores que a dos pares que tinham uma vida romântica mais ativa. Também não foi encontrada diferença significativa, entre os grupos, em relação a relacionamento com amigos, em casa e na escola. E os "não namoradores" ainda foram classificados pelos professores como os que tinham mais habilidades sociais e de liderança.
A pesquisa também concluiu que os jovens que namoravam pouco ou nunca tinham namorado apresentaram menor probabilidade de sintomas depressivos. Além disso, foram menos propensos a relatar tristeza ou falta de esperança.
Os autores esperam que esses resultados ajudem a mudar a noção generalizada de que não namorar na adolescência pode ser um sinal de algum problema ou desajuste. Na verdade, esse aspecto da vida nunca deve ser analisado isoladamente – se o jovem tem amigos, vai bem na escola, se dá bem com a família e parece estar bem, não há por que se preocupar com a falta de namoro.
A mensagem também vale para os próprios adolescentes: ninguém deve se sentir forçado a namorar ou ficar com várias garotas ou garotos só para agradar aos outros. Cada um tem a sua vida, as suas prioridades e ponto final.
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