Topo

Jairo Bouer

Pessoas tendem a repetir padrões nos novos relacionamentos

Jairo Bouer

02/09/2019 20h14

Crédito: Fotolia

Quando a gente termina um relacionamento que não estava legal e abraça uma nova história, sempre existe uma esperança de que tudo vai ser diferente. Mas será que é isso mesmo o que acontece?

Para pesquisadores das universidades de Alberta, no Canadá, e Friedrich-Schiller de Jena, na Alemanha, as dinâmicas dos relacionamentos até podem mudar, mas as pessoas permanecem as mesmas. Conclusão: certos padrões podem se repetir, gerando problemas parecidos com aqueles que comprometeram a primeira história.

Para entender melhor o que muda e o que não muda de um relacionamento para outro, a equipe partiu de um grande estudo feito com famílias alemãs, com 12.400 participantes. A partir dessa base, eles selecionaram 554 indivíduos que passaram por diferentes parcerias ao longo do trabalho.

Como os integrantes foram acompanhados durante vários anos, foi possível analisar questões abordadas no último ano de um relacionamento íntimo e, depois, comparar com o que foi coletado no primeiro e no segundo ano da parceria seguinte.

Os psicólogos se concentraram nos seguintes tópicos: satisfação com o relacionamento, satisfação sexual, frequência do sexo, comunicação entre o casal, o quanto as pessoas expressavam admiração pelos parceiros, nível de confiança na duração do relacionamento e frequência de conflitos.

Na maioria dos casos, o relacionamento novo só trouxe melhora em dois quesitos: frequência do sexo e a admiração pelo parceiro. Com relação aos outros cinco aspectos, tudo ficou igual, até a satisfação sexual. Ué, mas a pessoa não passou a transar mais? Pois é, mas isso não é sinônimo de ser feliz sexualmente – esse é o detalhe que eu considero mais interessante desse estudo, publicado no periódico Journal of Family Psychology, e divulgado no site Medical News Today.

Os pesquisadores perceberam que aspectos ligados à personalidade podem interferir na evolução ou estagnação da vida afetiva. Pessoas mais propensas a emoções negativas, por exemplo, apresentaram resultados piores no segundo relacionamento em termos de sexo e admiração.

Claro que na fase de lua-de-mel, tudo parece excitante e diferente. Mas, com o tempo, vem a rotina, e se não houver um esforço pessoal para mudar certas características, problemas antigos podem reaparecer.

Sobre o autor

Jairo Bouer é médico formado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e bacharel em biologia pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Fez residência em psiquiatria no Instituto de Psiquiatria da USP. Nos últimos 25 anos tem trabalhado com divulgação científica e comunicação em saúde, sexualidade e comportamento nos principais veículos de mídia impressa, digital, rádios e TVs de todo o país.

Sobre o blog

Neste espaço, Jairo Bouer publica informações atualizadas e opiniões sobre biologia, saúde, sexualidade e comportamento.