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Jairo Bouer

Jovem que conversa com pais sobre sexo é mais propenso a se proteger

Jairo Bouer

29/07/2019 18h04

Crédito: Fotolia

Conversar com os filhos sobre sexo é fundamental, mas muitos pais têm dificuldade de iniciar o diálogo, até porque muitos jovens ficam constrangidos e tentam mudar sempre de assunto. Uma grande revisão de estudos publicada nesta segunda-feira (29) mostra que insistir no papo vale a pena. Esses diálogos, por mais difíceis que sejam, aumentam as chances de os adolescentes se cuidarem mais, de acordo com uma equipe da Universidade da Carolina do Norte, nos EUA.

A análise incluiu 31 estudos considerados de boa qualidade, com informações de 12.464 jovens de 9 a 18 anos. As conclusões, publicadas no periódico Jama Pediatrics, mostram que intervenções que envolvem pais e filhos levam, sim, a práticas sexuais mais seguras, como maior adesão à camisinha.

Os estudos mostram que intervenções voltadas para adolescentes com até 14 anos surtiram mais efeito que aquelas dirigidas a jovens mais velhos. Intervenções que respeitaram diferenças culturais também foram mais eficazes que as neutras, bem como as que duraram no mínimo 10 horas e tiveram foco semelhante no pai, na mãe e nos filhos, sem priorizar uma das partes.

Ao contrário do que algumas pessoas acreditam, o diálogo franco sobre sexo em casa não leva os adolescentes a ter mais curiosidade e transar antes do que deveriam, segundo os resultados. Por outro lado, também não leva os jovens a atrasar o início da vida sexual, como muitos pais gostariam.

Os autores fazem uma observação importante: os jovens mais novos com frequência estão mais dispostos a ouvir o que os pais têm a dizer. Também nessa época a convivência ainda é maior. Depois de certa idade, eles passam mais tempo com os amigos ou do que com a família.

O ideal, mesmo, é que pais e filhos tenham intimidade suficiente para falar do assunto sempre, em qualquer idade ou ocasião, da mesma forma que familiares costumam conversar sobre outros assuntos relacionados a saúde – ao comentar um filme ou notícia, por exemplo. A questão é que essa liberdade não se constrói da noite para o dia.

Sobre o autor

Jairo Bouer é médico formado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e bacharel em biologia pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Fez residência em psiquiatria no Instituto de Psiquiatria da USP. Nos últimos 25 anos tem trabalhado com divulgação científica e comunicação em saúde, sexualidade e comportamento nos principais veículos de mídia impressa, digital, rádios e TVs de todo o país.

Sobre o blog

Neste espaço, Jairo Bouer publica informações atualizadas e opiniões sobre biologia, saúde, sexualidade e comportamento.