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Jairo Bouer

Mulheres engordam quando a pressão no trabalho é demais, mostra pesquisa

Jairo Bouer

25/01/2019 22h15

Crédito: iStock

Mulheres submetidas a altas demandas no trabalho são mais predispostas a ganhar peso, a longo prazo, do que os homens. É o que mostra um estudo sueco que contou com mais de 3.800 pessoas acompanhadas por duas décadas. E esse impacto independe de formação acadêmica, segundo os resultados.

O trabalho foi feito por pesquisadores do departamento de saúde pública e medicina comunitária da Academia Sahlgrenska, de Gotemburgo. Eles utilizaram como base uma amostra populacional com homens e mulheres que foram examinados três vezes ao longo do estudo. Uma parte foi acompanhada dos 30 aos 50 anos de idade, enquanto a outra foi avaliada dos 40 aos 60 anos.

Para estimar o nível de estresse ocupacional, os entrevistados responderam a questões sobre ritmo de trabalho, pressões psicológicas, se tinham tempo suficiente para executar todas as funções e se recebiam demandas contraditórias Também relataram com que frequência aprendiam coisas novas, se o cargo exigia imaginação ou habilidades avançadas, e se tinham autonomia para atuar.

Tanto homens quanto mulheres com pouco controle sobre o trabalho que tinham foram mais propensos a engordar. Eles ganharam o equivalente a 10% do próprio peso corporal ou mais em dez anos (isso significa que quem tinha 70 kg passou a ter no mínimo 77 kg). Quem já estava acima do peso no início da pesquisa foi quem teve maior oscilação.

Por outro lado, a exposição prolongada a altas demandas no emprego teve um forte impacto para as mulheres depois de 20 anos, mas não para os homens. As trabalhadoras sujeitas a maior sobrecarga de trabalho ganharam 20% mais peso do que as menos estressadas.

Os pesquisadores avisam que o estudo não destrinchou todas as possíveis causas do ganho de peso dessas mulheres. Mas eles acreditam que o efeito de um trabalho estressante sobre a balança é mais acentuado para elas porque as mulheres já têm mais demandas que os homens em outras áreas da vida. Em geral, são elas que mais se dedicam às obrigações da casa e dos filhos, como mencionei no post anterior. E também são elas que se envolvem mais no cuidado com os idosos da família.

A consequência é que as mulheres passam a ter menos tempo para fazer exercícios e outras atividades para neutralizar os efeitos do estresse e do metabolismo que desacelera naturalmente com a idade. Sob tensão e com a cintura larga, os riscos de doenças cardiovasculares e diabetes aumentam consideravelmente. Por isso é importante que as mulheres fiquem atentas: se a pressão no emprego for muita, é preciso pedir mais ajuda em casa, investir em dieta saudável, exercícios e lazer.

Sobre o autor

Jairo Bouer é médico formado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e bacharel em biologia pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Fez residência em psiquiatria no Instituto de Psiquiatria da USP. Nos últimos 25 anos tem trabalhado com divulgação científica e comunicação em saúde, sexualidade e comportamento nos principais veículos de mídia impressa, digital, rádios e TVs de todo o país.

Sobre o blog

Neste espaço, Jairo Bouer publica informações atualizadas e opiniões sobre biologia, saúde, sexualidade e comportamento.