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Jairo Bouer

Primeira transa foi cedo demais para 40% das garotas, diz pesquisa

Jairo Bouer

15/01/2019 19h04

Crédito: Fotolia

Boa parte dos jovens faz sexo antes do que deveria, mostra uma pesquisa realizada no Reino Unido. Na percepção de 40% das mulheres e 26,5% dos homens entrevistados a primeira transa ocorreu "na hora errada".

O trabalho, publicado no BMJ Sexual & Reproductive Health, do British Medical Journal, contou com quase 3.000 entrevistados de 17 a 24 anos.

As perguntas envolveram questões como, por exemplo, se o parceiro estava igualmente interessado em transar na primeira vez, se o casal usou algum método para evitar a gravidez, se estava bêbado, e se a decisão foi influenciada por pressão dos colegas. Informações sobre experiência sexual anterior, educação e a natureza do relacionamento também foram incluídas no questionário.

A análise foi feita por uma equipe da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres, que utilizou o conceito de "competência sexual", baseado em quatro fatores: autonomia, consentimento, uso de contraceptivos e sensação de que era a hora certa, esse último mais subjetivo. Quem teve resposta positiva nos quatro domínios foi considerado "sexualmente competente".

Mais da metade de todas as entrevistadas (pouco menos de 52%) e mais de quatro entre 10 (ou 43,5%) dos participantes do sexo masculino não cumpriam todos os critérios.

Outro dado preocupante: uma em cada cinco mulheres disse que ela e o parceiro não estavam igualmente dispostos a fazer sexo, e que ela não foi a responsável pela decisão. Ou seja: os garotos forçam a barra e as meninas acabam cedendo sem estar 100% seguras.

Por outro lado, quase nove entre dez jovens afirmaram ter usado um método confiável de contracepção na primeira vez (não necessariamente a camisinha, que também protege contra doenças).

Os autores observam que a idade costuma ser usada como fator para determinar a prontidão para o sexo, mas o estudo reforçou o que a gente já sabe: a idade não tem muita importância. Cada um tem o seu tempo. Alguns adolescentes de 15 anos até foram considerados sexualmente competentes, enquanto alguns com 18 anos não foram.

O início da vida sexual é algo importante quando se considera a saúde sexual de uma pessoa, e não apenas a ocorrência de infecções sexualmente transmissíveis ou gestações não planejadas. Em geral, as disparidades começam já na primeira transa, por isso é tão importante conversar com os jovens bem antes disso.

 

Sobre o autor

Jairo Bouer é médico formado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e bacharel em biologia pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Fez residência em psiquiatria no Instituto de Psiquiatria da USP. Nos últimos 25 anos tem trabalhado com divulgação científica e comunicação em saúde, sexualidade e comportamento nos principais veículos de mídia impressa, digital, rádios e TVs de todo o país.

Sobre o blog

Neste espaço, Jairo Bouer publica informações atualizadas e opiniões sobre biologia, saúde, sexualidade e comportamento.