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Jairo Bouer

Verrugas genitais não tratadas podem aumentar risco de transmissão do HIV

Jairo Bouer

22/08/2018 19h49

Verrugas genitais, causadas pelo papilomavírus humano (HPV), são um tipo comum de infecção sexualmente transmissível (IST) que, embora não evolua para câncer, costuma causar aborrecimentos. Mas um estudo recém-publicado alerta que o problema pode facilitar a transmissão sexual do HIV, o vírus da Aids. Por isso, é importante evitar e tratar adequadamente a doença, também conhecida como condiloma ou "crista de galo".

O problema é que é muito fácil se infectar pelo HPV. Mesmo quem só transa com camisinha pode adquirir o vírus durante brincadeiras sexuais, ou ao masturbar o parceiro e depois tocar a própria genitália. Muitas vezes, o vírus fica em regiões que não são cobertas pelo preservativo. Ou, ainda, pode acontecer de a verruga ser invisível a olho nu – e a pessoa só iria descobrir a doença ao fazer as consultas de rotina com urologista ou ginecologista.

Para piorar, o papilomavírus humano é muito frequente na população. Um estudo recente, divulgado pelos Centros de Prevenção e Controle de Doenças (CDC), nos EUA, indicou que 42% dos adultos têm subtipos do vírus associados a verrugas genitais.

No estudo atual, pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade de Boston coletaram amostras de biópsias de verrugas genitais e compararam o número de células-alvo do HIV presentes nelas aos das células normais das partes do corpo de onde foram retiradas. Além disso, as amostras foram cultivadas com HIV, para que fosse avaliado o quanto estavam sujeitas à infecção.

Em comparação com as células do tecido normal dos pacientes, as verrugas tinham concentração maior de células-alvo do HIV. Das oito amostras, duas apresentaram sinais definitivos de infecção pelo vírus da Aids. Em outras palavras, essas lesões por HPV tornam a região genital mais vulnerável à contaminação pelo HIV.

Os resultados reforçam a importância de se diagnosticar e tratar adequadamente as verrugas. Isso geralmente é feito com pomadas específicas, terapia com ácido ou cauterização em consultório, e alguns cuidados devem ser tomados durante o tratamento, para evitar a proliferação das lesões e também a transmissão do vírus.

A vacina contra o HPV também protege contra os principais subtipos causadores de verrugas, além de proteger contra os subtipos mais associados aos cânceres de colo de útero, de boca e de garganta. No Sistema Único de Saúde (SUS), a imunização é para meninas de 9 a 14 anos, meninos de 11 a 14 anos, e mulheres com HIV de 9 a 26 anos de idade. Em cidades com estoques, indivíduos de ambos os sexos até 26 anos podem receber a vacina, que também está disponível em clínicas particulares.

Os autores do estudo acreditam que a vacinação em larga escala em áreas endêmicas para o HIV na África Subsaariana pode ter impacto no controle da epidemia de Aids nesses locais. As informações foram publicadas no Journal of Infectious Diseases.

Sobre o autor

Jairo Bouer é médico formado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e bacharel em biologia pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Fez residência em psiquiatria no Instituto de Psiquiatria da USP. Nos últimos 25 anos tem trabalhado com divulgação científica e comunicação em saúde, sexualidade e comportamento nos principais veículos de mídia impressa, digital, rádios e TVs de todo o país.

Sobre o blog

Neste espaço, Jairo Bouer publica informações atualizadas e opiniões sobre biologia, saúde, sexualidade e comportamento.