Crise econômica pode ter impacto sobre consumo de álcool e cirrose
Um grande estudo que acaba de ser divulgado na revista médica BMJ mostra que o número de mortes por cirrose nos Estados Unidos aumentou 65% entre 1999 e 2016. O crescimento foi mais acentuado entre adultos jovens, na faixa dos 25 aos 34 anos de idade, o que chamou a atenção dos pesquisadores. Para eles, essa mudança de cenário pode ter relação com a crise econômica de 2008, que teria feito as pessoas abusarem mais do álcool.
A cirrose é caracterizada pela presença de cicatrizes no fígado e pode levar ao câncer de fígado ou à insuficiência hepática, ambas doenças fatais. As principais causas de cirrose são consumo de álcool, obesidade, hepatite e fígado gorduroso.
Os resultados, divulgados no jornal The New York Times, indicam que a mortalidade pela doença estava estável até 2008, mas, desde então, a taxa sofreu um aumento de 4% ao ano, de acordo com os dados dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC). De 1999 a 2016, as mortes anuais por câncer de fígado dobraram no país, sendo que as maiores elevações também foram registradas a partir de 2008.
Os pesquisadores, da Universidade de Michigan, admitem que são necessários mais estudos para comprovar essa relação. De qualquer forma, essa não é a primeira pesquisa que mostra como a crise econômica interferiu nos padrões de consumo de bebida alcoólica.
Uma equipe da Universidade de Buffalo divulgou, há algum tempo, que a recessão de 2007 a 2009 fez com que os norte-americanos passassem a beber mais após o trabalho. E menos no meio do turno, provavelmente pelo receio mais forte de perder o emprego numa época de crise. O levantamento, publicado no Psychology of Addictive Behaviors, envolveu mais de 5 mil trabalhadores.
A cirrose hepática é apenas uma das consequências do consumo excessivo de álcool. Outros tipos de câncer, bem como problemas mais agudos, como acidentes de trânsito e violência, estão associados à bebida e têm, por sua vez, impacto na economia. Será que o Brasil também vive esse cenário? É bem provável que sim.
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