Abuso, bullying e rejeição na família são realidade de jovens LGBT
Uma grande pesquisa com adolescentes gays, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros com menos de 18 anos mostra que 20% deles já sofreram abuso sexual, e 11% revelaram ter sofrido estupro por causa de sua identidade de gênero. Além disso, 78% já sofreram ameaças verbais e 70% sofreram bullying na escola.
O levantamento também mostrou que 67% dos jovens que assumem sua identidade ou orientação sexual costumam ouvir integrantes da família fazerem comentários negativos sobre a população LGBT. Entre aqueles que não "saíram do armário", a proporção chega a quase 80%. Apenas 24% dos entrevistados podem ser "totalmente eles mesmos" quando estão em casa.
O trabalho, conduzido por pesquisadores da Universidade de Connecticut, mostra que esses adolescentes vivenciam altos níveis de estresse, ansiedade e rejeição. E é claro que isso se reflete na saúde mental desses jovens: 95% deles têm dificuldade para dormir à noite e 77% relataram sintomas depressivos.
O "LGBTQ Teen Survey" é considerado uma das maiores pesquisas já feitas com essa população. Os dados recém-divulgados foram coletados a partir de entrevistas online com mais de 12 mil adolescentes de 13 a 17 anos de idade, de todos os estados norte-americanos.
Se já não é fácil enfrentar o preconceito de familiares e colegas, a escola enquanto instituição acolhe esses adolescentes. Apenas 26% dos entrevistados relataram se sentir seguros nas salas de aula, e somente 5% disseram que todos os professores e funcionários demonstram apoio aos indivíduos de minorias sexuais.
Metade dos jovens transexuais ou transgêneros comentaram que nunca usam o banheiro da escola porque não têm permissão para usar aquele que se alinha com sua identidade de gênero. Essa é uma questão que tem gerado bastante polêmica nos EUA: no ano passado, o presidente Donald Trump revogou uma orientação do ex-presidente Barack Obama de 2016, que obrigava as escolas públicas a permitir que os alunos transgêneros escolhessem qual banheiro usar, como também prevê a lei brasileira.
Segundo os pesquisadores, os entrevistados deixaram bem claro que ter uma família que demonstre apoio e uma escola inclusiva são aspectos determinantes para o bem-estar. Além de interferir na saúde mental desses jovens, esses fatores ajudariam muito a coibir situações de abuso e violência.
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