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Jairo Bouer

A real motivação dos jovens que usam o Fake Instagram

Jairo Bouer

19/04/2018 22h55

Crédito: Fotolia

No Instagram, todo mundo parece perfeito: as fotos, bem produzidas, trazem rostos bonitos, corpos esculpidos, pratos e paisagens irretocáveis. Para se rebelar contra essa tendência, ou apenas se divertir, muitos jovens têm criado contas falsas em grupos privados – o Finsta, ou Fake Instagram, onde publicam apenas fotos feias, ou melhor, aquelas imagens reais, que é melhor manter apenas entre amigos íntimos.

Uma dupla de pesquisadores da Universidade Estadual da Pensilvânia, nos Estados Unidos, decidiu estudar o fenômeno e chegou a constatações interessantes. Eles fizeram entrevistas online com 106 estudantes de graduação que tinham tanto contas falsas (Finsta) como reais no Instagram (chamadas por eles de Rinsta).

Jin Kang e Lewen Wei descobriram que os jovens usam as contas "fake", e as fotos da "vida como ela é", para se sentirem mais conectados socialmente. Mas essa também não é a motivação de quem usa o Instagram? Não tanto. Segundo as entrevistas, o Instagram real, com todo seu cuidado com a perfeição, é usado mais para escapar da realidade.

A dupla concluiu que há duas coisas que tornam o Finsta único: 1. Existe um acordo para que todos sejam inapropriados 2. A maioria dos usuários revela o oposto do que é apresentado em outras plataformas. Se os indivíduos exibem o seu melhor em redes como o Facebook, o seu pior é o que aparece no Finsta.

Os resultados da análise serão apresentados na 68ª Conferência Anual da Associação Internacional de Comunicação, na República Tcheca, em maio. E, ainda segundo esse trabalho, o Finsta é mais popular entre as garotas. Será que elas sentem maior necessidade de expressar seu lado feio ou inapropriado que os homens? É possível. Ou é provável que a pressão para parecer bonita, certinha e inteligente, estimulada pelas redes sociais, pese mais para elas.

Sobre o autor

Jairo Bouer é médico formado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e bacharel em biologia pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Fez residência em psiquiatria no Instituto de Psiquiatria da USP. Nos últimos 25 anos tem trabalhado com divulgação científica e comunicação em saúde, sexualidade e comportamento nos principais veículos de mídia impressa, digital, rádios e TVs de todo o país.

Sobre o blog

Neste espaço, Jairo Bouer publica informações atualizadas e opiniões sobre biologia, saúde, sexualidade e comportamento.