Baixa contagem de esperma pode não ser só ameaça à fertilidade
Quando um casal tenta engravidar e não consegue, é comum que o homem seja submetido a um espermograma. Em alguns casos, descobre ter uma baixa contagem de espermatozoides no sêmen. Segundo um estudo que acaba de ser divulgado, o resultado pode não apenas estar por trás dos problemas de fertilidade, como também indicar que o paciente tem um risco cardiovascular.
Pesquisadores das universidade de Brescia e Padova, na Itália, avaliaram a saúde e as análises do sêmen de 5.177 homens para chegar à conclusão, apresentada no último domingo (18) na conferência anual da Sociedade de Endocrinologia, em Chicago (EUA).
A equipe, coordenada pelo professor de endocrinologia Alberto Ferlin, encontrou uma forte ligação entre a baixa contagem de espermatozoides (menos de 39 milhões no ejaculado) e alterações metabólicas que podem aumentar o risco de infartos e derrames, além de perda de massa óssea.
Do total de pacientes do estudo, cerca de metade apresentava baixa contagem no sêmen. E esses homens foram quase uma vez e meia mais propensos a apresentar excesso de gordura abdominal, de Índice de Massa Corpórea (IMC), pressão sistólica mais alta, colesterol ruim (LDL) e triglicerídeos elevados, e baixo "bom" colesterol (HDL). Esses pacientes também foram mais propensos a sofrer de síndrome metabólica, que inclui, além dos fatores já mencionados, a resistência à insulina, uma condição que pode levar ao diabetes.
O estudo também encontrou uma associação entre a baixa contagem de esperma e níveis mais baixos de testosterona, condição chamada de hipogonadismo. E metade dos homens com essa queda hormonal apresentava perda de massa óssea ou mesmo osteoporose.
Os resultados sugerem que a qualidade do sêmen pode refletir a saúde masculina como um todo. Assim, além de tratar a questão específica, para aumentar as chances de engravidar a parceira, é importante que os pacientes com contagem baixa de espermatozoides também cuidem de outras questões, como a pressão arterial e o excesso de gordura.
Vale lembrar que, no ano passado, uma revisão de estudos feita pela Universidade Hebraica de Jerusalém constatou que a contagem de esperma têm caído significativamente nas últimas décadas. Entre 1973 e 2011 houve um declínio de mais de 59% nas análises feitas em homens da América do Norte, da Europa e da Oceania. Ainda são necessárias mais pesquisas, mas tudo indica que o vilão da história é mesmo o nosso estilo de vida, marcado pelo sedentarismo e pelo consumo excessivo de açúcar, álcool e gordura.
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