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Jairo Bouer

Casamento pode ser fator de proteção contra demência, indica pesquisa

Jairo Bouer

29/11/2017 20h45

Uma revisão de estudos sugere que o casamento pode reduzir o risco de uma pessoa desenvolver demência. Apesar disso, o peso de ser solteiro para a saúde parece estar se reduzindo com o passar do tempo, segundo pesquisadores asiáticos.

A conclusão, publicada no Journal of Neurology Neurosurgery & Psychiatry, foi baseada em 15 estudos considerados de boa qualidade, que envolveram cerca de 8 mil pessoas de países da Europa, da Ásia e das Américas. A análise foi feita por equipes da Universidade Nacional de Cingapura e da Universidade Chinesa de Hong Kong.

Analisados em conjunto, os dados indicam que, em comparação com os casados, indivíduos solteiros são 42% mais propensos a desenvolver demência. A associação se manteve mesmo quando os pesquisadores levaram em conta a idade e o sexo dos participantes.

Já quando foram considerados apenas estudos mais recentes, com pessoas nascidas depois de 1927, a proporção caiu para 24%. Por que o impacto de viver só teria diminuído com o passar dos anos ainda não está claro, segudno os pesquisadores.

Ao se comparar viúvos e casados, o risco foi 20% maior para os primeiros. A explicação é que a morte de um companheiro aumenta os níveis de estresse, um fator que tem sido associado a deficiências na sinalização de células nervosas e em habilidades cognitivas. Mas o impacto foi menor nos viúvos com melhor nível de educação – esse é um fator conhecido de proteção contra a demência.

Os estudos analisados foram observacionais, por isso seriam necessárias mais pesquisas para comprovar a relação entre causa e efeito. Ser casado certamente não é garantia de envelhecer com saúde e lucidez, mas ter alguém por perto pode servir de incentivo para comer melhor, beber e fumar menos, se mexer e se relacionar, atitudes que melhoram a saúde e a qualidade de vida.

Sobre o autor

Jairo Bouer é médico formado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e bacharel em biologia pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Fez residência em psiquiatria no Instituto de Psiquiatria da USP. Nos últimos 25 anos tem trabalhado com divulgação científica e comunicação em saúde, sexualidade e comportamento nos principais veículos de mídia impressa, digital, rádios e TVs de todo o país.

Sobre o blog

Neste espaço, Jairo Bouer publica informações atualizadas e opiniões sobre biologia, saúde, sexualidade e comportamento.