Topo

Jairo Bouer

Garotos e garotas reagem de maneira diferente à ingestão de cafeína

Jairo Bouer

16/06/2014 14h31

coca300Um estudo revela que meninos e meninas após a puberdade têm reações diferentes ao consumo de cafeína. O trabalho também indica que a substância produz sintomas diferentes nas garotas dependendo da fase do ciclo menstrual em que elas estão.

A ingestão de cafeína por crianças e adolescentes tem aumentado, em grande parte devido à popularidade de refrigerantes e energéticos. Por isso é importante que se pesquise o impacto da substância entre os mais jovens, como neste estudo feito pela professora Jennifer Temple, do departamento de exercício e ciências da nutrição da Universidade de Buffalo, nos Estados Unidos.

Estudos anteriores haviam mostrado que a cafeína aumenta a pressão arterial e diminui a frequência cardíaca de pré-adolescentes. O trabalho atual contou com mais de 150 meninos e meninas, divididos em dois grupos: um com participantes na faixa de 8 a 9 anos e o outro, de 15 a 17 anos. Parte deles consumiu placebo e a outra parte, o equivalente em cafeína a uma ou duas latas de refrigerante.

Temple descobriu que, antes da puberdade, meninos e meninas reagem da mesma forma ao consumo de cafeína.  Já para os jovens de 15 a 17 anos, os resultados foram diferentes, devido a questões hormonais. Segundo a pesquisadora, os garotos passam a ter uma resposta maior à cafeína que as garotas nessa faixa etária.

Ela também observou que, para as mulheres, a diminuição da frequência cardíaca com a cafeína é maior na fase lútea, ou seja, após a ovulação. E o aumento na pressão arterial relativo ao consumo é mais intenso no meio da fase folicular, ou seja, cerca de sete dias após a menstruação.

O estudo, que foi financiado pelos Institutos Nacionais de Saúde, dos EUA, e publicado na revista científica Pediatrics, mostra que mesmo doses modestas de cafeína têm efeitos significativos para os jovens, o que pode ser potencializado pelos hormônios em ebulição na adolescência. Por isso, é bom lembrar que refrigerantes – e principalmente energéticos – não podem ser consumidos à vontade.

Sobre o autor

Jairo Bouer é médico formado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e bacharel em biologia pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Fez residência em psiquiatria no Instituto de Psiquiatria da USP. Nos últimos 25 anos tem trabalhado com divulgação científica e comunicação em saúde, sexualidade e comportamento nos principais veículos de mídia impressa, digital, rádios e TVs de todo o país.

Sobre o blog

Neste espaço, Jairo Bouer publica informações atualizadas e opiniões sobre biologia, saúde, sexualidade e comportamento.