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Jairo Bouer

Depilação completa pode não aumentar risco de ISTs

Jairo Bouer

04/09/2019 20h33

Mulheres que fazem depilação completa na região genital estão mais propensas a contrair infecções sexualmente transmissíveis (ISTs)? Pesquisadores da Universidade de Ohio, nos EUA, decidiram ir atrás de uma resposta para essa pergunta e, pelo menos no que se refere a clamídia e gonorreia, não foi encontrada nenhuma conexão. Mas isso não quer dizer que quem remove todos os pelos pubianos está livre de qualquer problema.

Qualquer que seja o método depilatório escolhido, há sempre o risco de ocorrerem microfissuras na pele, que podem infeccionar. Até que ponto essa vulnerabilidade poderia abrir as portas para uma infecção durante o sexo, porém, é algo mais difícil de ser estudado.

O experimento publicado esta semana no periódico PloS ONE contou com 214 estudantes universitárias, que procuraram o hospital para fazer testes de ISTs. Praticamente todas elas se depilavam e mais da metade já tinha eliminado todos os pelos da região genital ou fazia isso sempre. Cerca de 10% delas estavam infectadas com gonorreia e/ou clamídia, mas os pesquisadores não encontraram associação entre as ocorrências e a preferência pela depilação radical.

Os autores deixam claro que a conclusão não é definitiva – ainda é preciso que muitos trabalhos desse tipo sejam feitos. Por outro lado, também não faz sentido achar que deixar tudo lisinho lá embaixo traga alguma proteção contra ISTs, a não ser contra o "chato", aquele tipo de piolho que pode atacar a região pubiana.

Um estudo publicado em 2014 no American Journal of Obstetrics and Gynecology, por uma equipe da Universidade do Texas, revelou que 60% das mulheres que fazem depilação íntima já enfrentaram algum problema relacionado à prática, como ferimentos na pele ou pelos encravados.

Por isso, a minha recomendação é que você fale com seu médico sobre o assunto antes de remover todos os pelos da região genital. Buscar métodos depilatórios que agridam menos a pele também é indicado, bem como cuidar da higiene íntima. Já para evitar ISTs, o que importa, mesmo, é usar camisinha sempre – com ou sem pelos pubianos.

Sobre o autor

Jairo Bouer é médico formado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e bacharel em biologia pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Fez residência em psiquiatria no Instituto de Psiquiatria da USP. Nos últimos 25 anos tem trabalhado com divulgação científica e comunicação em saúde, sexualidade e comportamento nos principais veículos de mídia impressa, digital, rádios e TVs de todo o país.

Sobre o blog

Neste espaço, Jairo Bouer publica informações atualizadas e opiniões sobre biologia, saúde, sexualidade e comportamento.