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Jairo Bouer

Quer viver bem e por muito tempo? Tente ser mais otimista

Jairo Bouer

30/08/2019 20h34

Crédito: Pixabay

Que ser otimista faz bem para o humor, todo mundo sabe. Mas parece que ter uma visão mais positiva das coisas pode ter um impacto importante também sobre a saúde e a longevidade. Um estudo publicado nos últimos dias demonstra que essa qualidade aumenta as chances de alguém passar dos 85 anos de idade.

Pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade de Boston, nos EUA, definiram como otimismo a expectativa geral de que coisas boas vão acontecer, ou a crença de que o futuro será favorável porque somos capazes de controlar certos desfechos.

Em geral, estudos científicos buscam fatores biológicos, como medidas de saúde, associados a expectativas de vida mais elevadas, mas este, conduzido por psiquiatras, foi atrás de fatores psicossociais.

A equipe analisou dados de 69.744 mulheres, acompanhadas por dez anos, e de 1.429 homens, avaliados ao longo de 30 anos. Eles envolviam questionários sobre comportamentos relacionados à saúde e também sobre crenças em relação à vida e ao futuro.

Os resultados, publicados no periódico PNAS, apontam que homens e mulheres com com níveis mais altos de otimismo no início do acompanhamento viveram de 11 a 15% mais que aqueles mais pessimistas.

Além disso, os participantes classificados como otimistas tiveram uma probabilidade cerca de 50 a 70% maior de viver até os 85 anos de idade ou além disso.

A associação se mantinha mesmo quando os pesquisadores ajustavam os resultados para levar em consideração fatores como idade, educação, doenças crônicas, dieta, uso de álcool, tabagismo, e frequência de consultas médicas.

O estudo não se concentrou nos mecanismos que levariam os otimistas a viver mais, mas os pesquisadores têm algumas hipóteses para explicar a relação. A principal delas é que os indivíduos com crenças positivas seriam mais propensos a ter hábitos mais saudáveis, como não fumar e fazer exercícios.

Outro fator considerado pelos médicos é que o otimismo levaria as pessoas a regular melhor suas próprias emoções e a ser menos reativas emocionalmente. Se algo de ruim acontece na vida do pessimista, ele pode ter uma tendência maior a chutar o pau da barraca e fazer algo que prejudica sua saúde, como beber todas, por exemplo. Já o indivíduo mais positivo se recuperaria mais rápido do estresse por acreditar que é possível reverter a situação.

Em outras palavras, o otimismo seria um recurso psicológico promotor de saúde e longevidade. Mas será que uma pessoa consegue deixar de ser pessimista? Existem algumas intervenções que, segundo estudos, podem ajudar nisso, como meditação, exercícios de gratidão e a terapia comportamental cognitiva, que trabalha as crenças e atitudes das pessoas. Ainda é preciso pesquisar melhor se essas técnicas têm efeito duradouro. De qualquer forma, a gente sabe que cuidar da cabeça é tão importante quanto cuidar do corpo.

Sobre o autor

Jairo Bouer é médico formado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e bacharel em biologia pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Fez residência em psiquiatria no Instituto de Psiquiatria da USP. Nos últimos 25 anos tem trabalhado com divulgação científica e comunicação em saúde, sexualidade e comportamento nos principais veículos de mídia impressa, digital, rádios e TVs de todo o país.

Sobre o blog

Neste espaço, Jairo Bouer publica informações atualizadas e opiniões sobre biologia, saúde, sexualidade e comportamento.