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Jairo Bouer

Presença do parceiro pode ter efeito analgésico, revela experimento

Jairo Bouer

26/08/2019 19h35

Você está com alguma dor? Chame seu namorado ou namorada para fazer companhia. Segundo um estudo europeu, a estratégia pode reduzir o incômodo de forma significativa. E a dica funciona mesmo se não houver contato físico ou verbal.

Pesquisadores das Universidade de Ciências da Saúde, Informática e Tecnologia, na Áustria, e da Universidade das Ilhas Baleares, na Espanha, testaram a sensibilidade à dor de 96 pessoas, com e sem a presença do parceiro romântico, para chegar à conclusão.

Os participantes foram submetidos a um equipamento que faz pressão na pele com intensidades diferentes, para medir a tolerância à dor. Quando o ente querido estava por perto, esse limite aumentava.

Todos também responderam a questionários que ajudaram a revelar os níveis de empatia dos participantes, ou seja, a capacidade de se colocar no lugar dos outros. Quanto mais presente era essa qualidade no parceiro, maior era a tolerância à dor durante o experimento, relatado no periódico Scandinavian Journal of Pain.

De acordo com os pesquisadores, os resultados confirmam o efeito analgésico proporcionado pelo suporte social. Apesar de ser um estudo pequeno e com algumas limitações, não é o primeiro a fazer esse tipo de associação.

Em 2015, um experimento similar mediu a sensibilidade e a tolerância à dor de 75 pessoas ao mergulhar o braço em um tanque de água gelada. Os testes foram feitos em três situações diferentes: com o voluntário sozinho, com a presença de alguém neutro, que não dizia nada, e, por último, com alguém que oferecia suporte.

Os resultados, publicados no Annals of Behavioral Medicine, confirmam que os indivíduos que receberam suporte se saíram melhor na tarefa, e ainda apresentaram níveis mais baixos de pressão, cortisol (o hormônio do estresse), tensão muscular e batimentos cardíacos.

Se você é solteiro, pedir a companhia de um amigo também pode ajudar. Numa época em que todo mundo só conversa pelo smartphone, vale a pena reforçar o valor dos contatos presenciais.

Sobre o autor

Jairo Bouer é médico formado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e bacharel em biologia pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Fez residência em psiquiatria no Instituto de Psiquiatria da USP. Nos últimos 25 anos tem trabalhado com divulgação científica e comunicação em saúde, sexualidade e comportamento nos principais veículos de mídia impressa, digital, rádios e TVs de todo o país.

Sobre o blog

Neste espaço, Jairo Bouer publica informações atualizadas e opiniões sobre biologia, saúde, sexualidade e comportamento.