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Jairo Bouer

Pessoas têm mais inveja do que vai acontecer, mostra pesquisa

Jairo Bouer

13/05/2019 20h31

Crédito: Fotolia

O que você acha que causa mais inveja nos outros: dizer que está de malas prontas para uma praia paradisíaca ou contar como foi a viagem ao voltar de férias? Acertou quem pensou na primeira opção. Pesquisadores descobriram que as pessoas tendem a sentir mais incômodo com a felicidade alheia quando algo de bom ainda vai acontecer. Depois que passou, a emoção perde força.

Você pode achar que é bobagem estudar esse tipo de coisa, mas, acredite, não é. Com cada vez mais gente passando mais tempo nas redes sociais, comparar-se com os outros o tempo todo é inevitável, e o impacto desse fenômeno na saúde mental das pessoas é algo que precisa ser bem compreendido.

A pesquisa, publicada na revista Psychological Science, foi conduzida por cientistas da Universidade de Chicago. Com base em evidências anteriores, eles já sabiam que emoções sobre o futuro tendem a ser mais intensas, como a preocupação sobre uma prova que vai acontecer ou a expectativa em relação a uma grande festa. Para confirmar se o mesmo ocorre com a inveja, eles fizeram um experimento com 620 pessoas.

Os participantes foram convidados a imaginar que um amigo havia conseguido algo que eles almejavam muito, como uma viagem dos sonhos, um carro novo ou uma promoção no trabalho. Eles tinham que relatar como se sentiriam algum tempo antes ou depois do fato acontecer. A sensação de inveja relatada era mais leve quando o cenário hipotético envolvia o passado.

O resultado se confirmou em outro experimento, mais real, que aferiu os sentimentos das pessoas em relação a um amigo antes e depois de um Dia dos Namorados. Eles verificaram que a inveja das flores ou jantares que o outro ganhou foi mais intensa na véspera e no dia,  mas incomodou pouco no dia seguinte.

Os pesquisadores destacam que a inveja pode fazer mal, ao afetar a autoestima, mas também pode fazer bem, ao inspirar as pessoas a fazer algo. Esse efeito positivo, segundo o experimento, não foi afetado pela mudança de "timing". Assim, colocar as coisas em perspectiva pode ser uma fórmula para regular emoções negativas. Lembrar sempre que as redes sociais não são um retrato fiel do mundo é outra forma de vencer o mal-estar.

Sobre o autor

Jairo Bouer é médico formado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e bacharel em biologia pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Fez residência em psiquiatria no Instituto de Psiquiatria da USP. Nos últimos 25 anos tem trabalhado com divulgação científica e comunicação em saúde, sexualidade e comportamento nos principais veículos de mídia impressa, digital, rádios e TVs de todo o país.

Sobre o blog

Neste espaço, Jairo Bouer publica informações atualizadas e opiniões sobre biologia, saúde, sexualidade e comportamento.