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Jairo Bouer

Sexualidade pode mudar bastante até os 29 anos, dizem pesquisadores

Jairo Bouer

03/05/2019 20h56

Sentir atração por alguém do mesmo sexo ou pelo sexo oposto, bem como se identificar como homossexual, hétero ou bissexual, é algo que pode mudar ao longo da adolescência. Porém, cada vez mais estudos mostram que o desenvolvimento da sexualidade não se encerra aos 20 anos.

Uma pesquisa que acaba de ser publicada no Journal of Sex Research sugere que mudanças substanciais na orientação sexual podem ocorrer pelo menos até o fim da terceira década de vida. Os pesquisadores, do Departamento de Ciências da Família e do Desenvolvimento Humano, analisaram entrevistas com cerca de 12 mil estudantes, que foram abordados pela primeira vez por volta dos 16 anos e acompanhados até os 30 e poucos anos de idade.

Eles perceberam que mudanças significativas, em termos de sexualidade, ocorrem não apenas entre a adolescência e os 20 anos de idade, mas também dos 20 aos 29 anos. Outra conclusão da equipe é que as mulheres costumam ter uma sexualidade mais fluida que os homens, algo que também já foi detectado em outros estudos.

O trabalho, realizado por pesquisadores da Universidade Virginia Tech, nos EUA, também concluiu que os rótulos de gay, lésbica, bi ou heterossexual não capturam todo o leque de possibilidades da sexualidade humana.

Os resultados levaram os pesquisadores a dividir as descrições dos jovens em nove categorias diferentes. Para o sexo masculino, a divisão ficou assim: heterossexuais (87%); bissexuais ou quase sempre heterossexuais (3,8%); gays emergentes (2,4%) e homens com expressão sexual mínima (6,5%).

Já para o sexo feminino a gama foi um pouco maior: heterossexuais (73,8%); quase sempre heterossexual (10,1%); bissexual emergente (7,5%); lésbica emergente (1,5%) e mulheres com expressão sexual mínima (7%).

Os autores esclarecem que as nove categorias foram definidas com motivação estatística, o que não quer dizer que não existam outras possibilidades.

Os heterossexuais – a maioria, para ambos os sexos – foram os que apresentaram menor mudança nas preferências ao longo do tempo. Já os chamados emergentes foram os que tiveram mais variações durante o estudo.

A mensagem principal da equipe é que a juventudade é um período muito dinâmico da vida. Ao mesmo tempo em que as pessoas ganham independência e, por isso, têm mais liberdade para experimentar no sexo, é comum que os relacionamentos se tornem mais estáveis nessa fase. Tudo isso pode interferir em escolhas e na percepção que as pessoas têm sobre si mesmas.

Sobre o autor

Jairo Bouer é médico formado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e bacharel em biologia pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Fez residência em psiquiatria no Instituto de Psiquiatria da USP. Nos últimos 25 anos tem trabalhado com divulgação científica e comunicação em saúde, sexualidade e comportamento nos principais veículos de mídia impressa, digital, rádios e TVs de todo o país.

Sobre o blog

Neste espaço, Jairo Bouer publica informações atualizadas e opiniões sobre biologia, saúde, sexualidade e comportamento.