Juntos, só que separados
Pesquisadores britânicos mostram que pais e filhos têm passado mais tempo juntos, mas o tempo gasto em atividades compartilhadas, como fazer as refeições ou assistir à TV em família não mudou. Em outras palavras: muitos pais têm conseguido ficar mais em casa, mas esse tempo extra não trouxe mais união, por causa da internet móvel.
O estudo contou com cerca de 2.500 crianças de 8 a 16 anos e seus respectivos pais, que preencheram diários em 2000 e em 2015. Os pesquisadores descobriram que o tempo gasto em família aumentou 30 minutos no espaço de cinco anos. Porém, nessa meia hora a mais que os pais relatam estar perto dos filhos, as crianças e adolescentes dizem que estão sozinhas.
A equipe, que conta com estudiosos das universidades de Oxford e de Warwick, escolheu o período justamente porque nesses cinco anos houve uma rápida proliferação do uso de dispositivos móveis e do acesso doméstico à internet rápida no Reino Unido.
O tempo gasto em atividades compartilhadas permaneceu praticamente inalterado no período. Tanto em 2000 quanto em 2015, pais e filhos passaram cerca de uma hora e meia por dia juntos, seja no transporte, na mesa de jantar ou em frente à TV. Assim, os autores observam que não dá para dizer que as tecnologias tiveram um impacto negativo na vida em família.
Os resultados, publicados no Journal of Marriage and Family, reforçam a noção de que os filhos mais velhos, de 14 a 16 anos, são os que passam mais tempo nos dispositivos móveis e menos em atividades compartilhadas com os pais.
A internet pode ajudar os jovens a manter amizades fora de casa, o que não é ruim. Mas o fenômeno é recente e ainda são necessários muitos estudos para entender melhor os efeitos dos dispositivos móveis nos relacionamentos, inclusive os familiares.
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