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Jairo Bouer

Jovens de minorias sexuais não querem mais termos como gay ou bissexual

Jairo Bouer

13/02/2019 23h55

Crédito: Fotolia

Uma grande proporção de jovens de minorias sexuais não se identifica com rótulos tradicionais, como os de "gays", "lésbicas" ou "bissexuais". Eles preferem usar uma terminologia mais recente, que inclui conceitos como "pansexual", "não binário" ou "assexual". Essa é uma das conclusões de um grande estudo feito pela Universidade de Connecticut, nos Estados Unidos, sobre a juventude LGBTQ (lésbicas, gays, bissexuais, transexuais e "queer", um termo que tenta englobar todos os que não se encaixam nos rótulos anteriores).

O trabalho contou com uma amostra nacional de 17 mil adolescentes norte-americanos de diferentes regiõe do país, etnias e condições socioeconômicas. Do total, 26% citaram algum desses rótulos emergentes, muitos deles desconhecidos até pelos pesquisadores.

Os resultados, publicados no Journal of Research on Adolescence, indicam que os jovens estão mais à vontade para se abrir sobre sua identidade sexual e atentos ao tema da diversidade. Por outro lado, os autores ressaltam que existe uma lacuna a ser preenchida na sociedade, que não leva em conta essas descrições.

Uma das ramificações dessa mesma pesquisa, que contou com 9.838 adolescentes, revela que aqueles que jovens LGBTQ que estão acima do peso sofrem ainda mais bullying do que um jovem obeso que é heterossexual. De 44 a 70% desses adolescentes relataram provocações dentro da própria família. Cerca de um em quatro sofre humilhações na escola, como publicado no periódico Pediatric Obesity.

Cada vez mais estudos chamam atenção para alguns problemas enfrentados por jovens que não se identificam com o sexo biológico, como bullying e depressão. Se a sociedade e as próprias pesquisas não passarem a considerar questões como identidade sexual e de gênero, enfrentar essas situações vai ficar ainda mais difícil. Se os pais de um adolescente não sabem o que significa ser "não binário" (aquele que não se identifica nem como homem, nem como mulher), imagine a distância que isso pode gerar numa conversa sobre sexualidade em casa?

Sobre o autor

Jairo Bouer é médico formado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e bacharel em biologia pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Fez residência em psiquiatria no Instituto de Psiquiatria da USP. Nos últimos 25 anos tem trabalhado com divulgação científica e comunicação em saúde, sexualidade e comportamento nos principais veículos de mídia impressa, digital, rádios e TVs de todo o país.

Sobre o blog

Neste espaço, Jairo Bouer publica informações atualizadas e opiniões sobre biologia, saúde, sexualidade e comportamento.