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Jairo Bouer

Tesão está por trás do sexo e também do amor romântico, dizem pesquisadores

Jairo Bouer

17/01/2019 01h39

Crédito: Fotolia

O que faz duas pessoas que acabaram de se conhecer decidirem ir para a cama? Atração sexual, claro. E depois dessa primeira noite de sexo, o que faz com que elas permaneçam juntas ou não? Alguns podem dizer que isso depende de química, afinidade, conveniência ou algum outro fator, mas pesquisadores dizem que o motivo é o mesmo – o desejo sexual também está por trás dos relacionamentos românticos.

Com uma série de experimentos, especialistas do Centro Interdisciplinar de Herzliya, em Israel, e da Universidade de Rochester, nos Estados Unidos, concluíram que o tesão é o que permite não só o encontro, mas também a conexão tanto de homens quanto mulheres. O trabalho se concentrou apenas em relacionamentos heterossexuais.

Em quatro testes diferentes, com cerca de 40 homens e 40 mulheres cada um, participantes eram apresentados a alguém do sexo oposto e suas interações eram analisadas. Sinais não verbais, como proximidade física e contato visual constante, ajudaram a comprovar se havia, ou não, atração sexual.

Depois, com estímulos de imagens eróticas e situações simuladas, os pesquisadores avaliavam o quanto a libido também é capaz de incentivar comportamentos que promovem ligações afetivas, como oferecer ajuda ao parceiro que, de propósito, era colocado em uma situação difícil.

Os pesquisadores concluíram que, apesar de o interesse sexual e o apego serem sentimentos bem diferentes, é possível que a evolução tenha feito um depender do outro. Isto é: os seres humanos teriam sido adaptados a se tornar romanticamente ligados aos parceiros pelos quais sentem atração sexual.

Para gerar descendentes, bastaria ter relações sexuais, certo? Mas crianças criadas por um casal deviam ter mais chances de sobrevivência do que aquelas criadas apenas pelas mães, ainda mais se a gente pensar no ambiente dos nossos ancestrais, cheios de predadores e dificuldades para caçar e plantar.

Pesquisas anteriores, feitas por neurocientistas, já indicaram que as mesmas áreas do cérebro são ativadas quando uma pessoa vivencia tanto o desejo sexual como o amor romântico. Mas os autores sugerem que exista um caminho, ou seja, um processo neural, que faz com que uma resposta sexual afete as emoções. Isso explicaria o tal magnetismo que faz duas pessoas permanecerem juntas tempo o suficiente para desenvolver apego uma pela outra. Até que alguma coisa as separe.

Sobre o autor

Jairo Bouer é médico formado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e bacharel em biologia pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Fez residência em psiquiatria no Instituto de Psiquiatria da USP. Nos últimos 25 anos tem trabalhado com divulgação científica e comunicação em saúde, sexualidade e comportamento nos principais veículos de mídia impressa, digital, rádios e TVs de todo o país.

Sobre o blog

Neste espaço, Jairo Bouer publica informações atualizadas e opiniões sobre biologia, saúde, sexualidade e comportamento.