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Jairo Bouer

Um mês sem álcool se reflete na pele, no sono e no bolso

Jairo Bouer

02/01/2019 22h45

Crédito: Fotolia

Você já ouviu falar no "Janeiro Seco", do inglês "Dry January"? Passar o primeiro mês do ano sem uma gota de álcool, depois das tradicionais bebedeiras no Natal e no Reveillón, é um costume que tem muitos adeptos no Reino Unido e nos Estados Unidos, entre outros países. Há quem considere bobagem ficar em abstinência por apenas um mês do ano, e exagerar nos outros, mas um número cada vez maior de estudos tem indicado que a medida traz ganhos significativos à saúde. E os benefícios podem se estender pelos meses seguintes.

Um estudo da Universidade de Sussex, na Inglaterra, mostra que o esforço traz resultados animadores. Mais energia, pele mais bonita, cintura mais fina e mais dinheiro no bolso são alguns dos benefícios verificados após pesquisadores terem acompanhado 800 pessoas que passaram o mês de janeiro do ano passado inteiro longe do álcool.

O efeito que me parece mais interessante é que a turma decidiu beber menos depois da experiência. Seis meses depois, foi constatado que a frequência de consumo tinha caído de 4,3 vezes por semana, em média, para 3,3. No mês, a redução foi de 3,4 para 2,1.

Para melhorar, a quantidade de álcool ingerida em cada ocasião também diminuiu nos meses seguintes ao "Janeiro Seco", de 8,6 unidades para 7,1 por dia. Lembrando que cada unidade de bebida alcoólica equivale a uma lata ou tulipa de cerveja, uma taça pequena de vinho (100 ml)  e uma dose de 30 ml de destilado (como uísque, vodca ou cachaça).

A recomendação da OMS é que as mulheres não excedam 7 unidades de bebida alcoólica por semana, e os homens, 14, mas também que não passem de 4 ou 5 doses em cada ocasião. Em outras palavras, não adianta beber 7 latas de cerveja só no sábado e achar que está dentro do limite recomendado.

Outros benefícios destacados pelos participantes da pesquisa: 88% disseram ter economizado uma grana com a abstinência; 80% passaram a se sentir mais no controle na hora de beber; e 76% entenderam melhor por que precisam da bebida.

Além disso, 70% sentiram uma melhora significativa no sono e na saúde; mais da metade dos participantes relatou ter perdido peso no processo; 57% notaram que a concentração melhorou e 54% perceberam que a pele ficou mais bonita. Talvez essas sejam as razões pelas quais as pessoas tenham decidido diminuir a quantidade também nos meses seguintes à iniciativa.

Estudos anteriores já indicaram que, além da redução do peso, quem faz um mês de abstinência alcoólica por ano apresenta reduções significativas em outros marcadores de saúde, como colesterol, triglicérides e enzimas hepáticas. Conclusão? A tentativa vale a pena, nem que seja para revelar o grau de dependência que a pessoa tem do álcool. Quem não consegue passar nem mesmo uma semana sem beber deve procurar ajuda de um especialista.

Sobre o autor

Jairo Bouer é médico formado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e bacharel em biologia pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Fez residência em psiquiatria no Instituto de Psiquiatria da USP. Nos últimos 25 anos tem trabalhado com divulgação científica e comunicação em saúde, sexualidade e comportamento nos principais veículos de mídia impressa, digital, rádios e TVs de todo o país.

Sobre o blog

Neste espaço, Jairo Bouer publica informações atualizadas e opiniões sobre biologia, saúde, sexualidade e comportamento.