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Jairo Bouer

Ele gosta de carros de luxo? A culpa pode ser da testosterona

Jairo Bouer

04/07/2018 19h26

Crédito: Fotolia

Já se sabe que níveis mais altos de testosterona podem interferir em diversos aspectos do comportamento masculino, da agressividade à tendência a fazer investimentos de risco. Segundo um novo estudo, publicado na Nature Communications, a quantidade de hormônio ainda pode explicar por que certos homens adoram artigos de luxo e grifes famosas.

A conclusão é de pesquisadores do Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech), do Laboratório ZRT e da Universidade da Pensilvânia e, nos Estados Unidos, com participação da Universidade de Western Ontario, no Canadá.

A pesquisa envolveu 243 voluntários de 18 a 55 anos, selecionados aleatoriamente para receber uma dose de gel de testosterona ou de gel com placebo. Depois de quatro horas, eles foram submetidos a exames para detectar se os níveis de testosterona já tinham atingido o pico, e então passaram por diferentes testes para avaliar mercadorias ou anúncios de diferentes produtos.

Os resultados mostraram que os homens que receberam a dose de testosterona demonstraram uma preferência mais forte por marcas de luxo e artigos que evocam poder do que os participantes que receberam o placebo.

De acordo com cientistas, a testosterona está associada a comportamentos de busca e de manutenção de status. No reino animal, isso é feito por meio da agressividade – um primata ataca o outro para mostrar quem é o dono do pedaço, por exemplo. Já entre os homens, essas manifestações também ocorrem, mas podem ser substituídas por atitudes mais civilizadas, digamos assim, como o consumo.

Um dos autores, o professor de comportamento econômico da Caltech Colin Camerer, chega a comparar o dinheiro gasto em carros e roupas de marcas sofisticadas como o peso da cauda de um pavão macho. Se não fosse pela necessidade de atrair fêmeas, eles teriam muito mais agilidade para correr sem tantas penas para carregar.

O mesmo raciocínio vale para os homens: ninguém precisa gastar 300 mil dólares para andar de automóvel, mas uma máquina com esse preço é um símbolo de status. Enquanto alguns tentam se exibir com penas, armas ou músculos, outros usam logotipos na camisa ou no automóvel.

Embora esse estudo tenha sido feito só com homens e a testosterona, alguns trabalhos já associaram as variações hormonais do ciclo menstrual a certos comportamentos femininos. Um deles, publicado no periódico Psychoneuroendocrinology, constatou que, no período fértil, quando o estrogênio está alto e a progesterona, baixa, elas são mais assertivas e propensas a comprar artigos voltados para o sexo, como roupas ou lingeries sensuais.

Sobre o autor

Jairo Bouer é médico formado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e bacharel em biologia pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Fez residência em psiquiatria no Instituto de Psiquiatria da USP. Nos últimos 25 anos tem trabalhado com divulgação científica e comunicação em saúde, sexualidade e comportamento nos principais veículos de mídia impressa, digital, rádios e TVs de todo o país.

Sobre o blog

Neste espaço, Jairo Bouer publica informações atualizadas e opiniões sobre biologia, saúde, sexualidade e comportamento.