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Jairo Bouer

Razões para ser feliz nem sempre são óbvias, mostram estudos

Jairo Bouer

28/05/2018 20h36

Crédito: Fotolia

Morar numa cidade de primeiro mundo pode afetar o seu bem-estar, e não precisa ser um cientista para saber disso. Mas o que mais importa, para você? Viver no campo, longe de tudo e de todos, ou em um local com acesso a diferentes pessoas e serviços? A resposta, é claro, depende de fatores individuais. Mas parece que existem alguns detalhes que podem fazer a diferença, segundo pesquisadores.

Uma equipe da Universidade de Yale, nos Estados Unidos, analisou dados de mais de 300 mil adultos das mais diferentes partes do país para identificar quais atributos são mais associados a bem-estar e qualidade de vida. Entre os principais estão mais educação (ou acesso a boas escolas), menor nível de pobreza (especialmente infantil), segurança (ou índices de criminalidade mais baixos), acesso a serviços de saúde (facilidade para fazer exames preventivos foi um dos fatores citados) e transporte eficiente.

Até aí, nenhuma surpresa. Mas os pesquisadores também identificaram alguns fatores inesperados. Um deles foi a diversidade racial – quem vive em comunidades com percentual mais alto de negros relata maior nível de satisfação. Os autores comentam que, de acordo estudos anteriores, diversidade é sinal de tolerância, o que traz sensação de segurança.

Outro detalhe curioso é que a presença da bicicleta como opção de transporte também aparece como indicador de bem-estar. Para os autores, isso se deve ao fato de que o exercício melhora a saúde física e mental.

Para se ter uma ideia de como a satisfação com a vida nem sempre depende de fatores óbvios, como ter dinheiro e saúde, uma outra pesquisa recente, realizada com mais de 8.000 britânicos, mostra que não ter uma companhia para fazer as refeições é uma das principais causas de infelicidade para as pessoas.

O trabalho, conduzido por pesquisadores da Oxford Economics e do Centro Nacional de Pesquisas Sociais, e divulgado no site do jornal Independent, sugere que comer sozinho pesa mais que enfrentar o trânsito caótico e climas extremos (como o inverno gelado do Reino Unido). Só não é pior do que enfrentar um transtorno mental como depressão, pânico e comportamentos compulsivos.

Ter companhia para almoçar ou jantar só não pontuou tão bem quanto ter boas noites de sono, uma vida sexual satisfatória e tempo para fazer as coisas – você já se deu conta do quanto isso é importante para a sua vida? Para os pesquisadores que analisaram os resultados, esses dados só comprovam que o contato cara a cara (ainda) é muito importante para nós, seres cada vez mais tecnológicos.

Sobre o autor

Jairo Bouer é médico formado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e bacharel em biologia pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Fez residência em psiquiatria no Instituto de Psiquiatria da USP. Nos últimos 25 anos tem trabalhado com divulgação científica e comunicação em saúde, sexualidade e comportamento nos principais veículos de mídia impressa, digital, rádios e TVs de todo o país.

Sobre o blog

Neste espaço, Jairo Bouer publica informações atualizadas e opiniões sobre biologia, saúde, sexualidade e comportamento.