Grávidas com hiperglicemia podem ter filhas que vão menstruar mais cedo
Filhas de mulheres que estavam acima do peso e com nível de açúcar do sangue durante a gravidez tendem a entrar na puberdade mais cedo, entre 6 e 11 anos. É o que revela um estudo que contou com mais de 15 mil garotas e suas respectivas mães, nos Estados Unidos.
Os pesquisadores do grupo Kaiser Permanente, que presta serviços de saúde no país, acreditam que o ambiente uterino tem um papel importante para o desenvolvimento das crianças, mais tarde. É na barriga da mãe que o cérebro é formado, e é ele que libera os hormônios que determinam o início da puberdade.
Os pediatras da instituição, liderados pelo pesquisador Ai Kubo, começaram a análise de registros eletrônicos de meninas e de suas mães em 2010, a fim de avaliar fatores relacionados à gravidez à puberdade.
O trabalho teve como principal autor o pesquisador Ai Kubo, da divisão de pesquisas da Kaiser Permanente no Norte da Califórnia, e foi publicado no American Journal of Epidemiology. As participantes eram de diferentes etnias e culturas.
A obesidade materna, definida como Índice de Massa Corporal (IMC) de 30 ou mais, foi associada a uma probabilidade 40% maior de uma garota entrar na puberdade precocemente. Para mães com sobrepeso (IMC entre 25 e 30), o risco foi 20% maior. Os resultados também apontaram uma diferença de 7 meses no início do desenvolvimento das mamas de filhas de mães obesas em comparação com as filhas de mães abaixo do peso.
Em relação ao desenvolvimento de pelos pubianos, as associações variaram de acordo com etnia ou raça. Asiáticas com mães obesas tinham 50% mais propensão a ter pelos pubianos mais cedo que as filhas de asiáticas com peso normal. Já para as afro-americanas não houve essa relação.
A hiperglicemia (açúcar do sangue elevado) durante a gravidez também foi associada ao início precoce do desenvolvimento da mama. Mas isso não foi observado para as mulheres que tinham diabetes gestacional, talvez porque elas tomaram mais cuidado com o peso e a dieta.
A puberdade precoce tem sido associada a condições como depressão, obesidade, diabetes tipo 2 e câncer, entre outros problemas de saúde, e por isso o tema tem sido bastante estudado. Alguns trabalhos mostram que a idade da menarca, ou seja, a primeira menstruação, diminuiu nas últimas décadas. Os resultados podem levar a novas condutas, no futuro, para evitar a puberdade precoce.
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