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Jairo Bouer

Tomar iniciativa pode evitar que mulheres se arrependam do sexo casual

Jairo Bouer

09/03/2018 20h40

Crédito: Fotolia

Mulheres que tomam a iniciativa para transar tendem a se arrepender menos depois de uma noite de sexo casual. É o que mostra um estudo realizado por psicólogos da Universidade de Ciência e Tecnologia da Noruega em parceria com a Universidade do Texas, nos Estados Unidos.

A mesma equipe já tinha concluído, em um estudo anterior, que mulheres são mais propensas a acordar no "dia seguinte" com sensação de "ressaca moral" do que os homens. E o curioso é que os resultados obtidos na Noruega, um país considerado igualitário, foram semelhados aos observados nos Estados Unidos, que é mais conservador para essas questões.

Os pesquisadores decidiram investigar melhor em quais situações as mulheres são mais ou menos propensas a se arrepender. E eles perceberam que isso raramente acontece quando elas é quem dão o primeiro passo durante o encontro. Já para os homens, a iniciativa não interfere nessa tendência. O trabalho contou com 547 estudantes noruegueses e 216 norte-americanos de ambos os sexos.

De acordo com os psicólogos, as mulheres que tomam a dianteira costumam ser mais bem resolvidas em relação à própria sexualidade, o que já é um fator de proteção contra arrependimentos no dia seguinte. Em segundo lugar, quando elas dão em cima do cara é porque realmente estão interessadas, o que colabora com a sensação de que a noite valeu a pena.

As mulheres também são menos propensas a se sentir mal no dia seguinte quando o cara demonstra ter habilidade, e quando elas chegam ao orgasmo. Embora isso pareça óbvio, os pesquisadores não encontraram essa conexão para os homens, como mostra o artigo da equipe no periódico Personality and Individual Differences.

Por último, o estudo também revelou que é mais comum às mulheres sentirem nojo depois de "transar só por transar", e esse seria um fator chave para se arrependerem ou não. A sensação, alertam os pesquisadores, é importante porque pode nortear futuras decisões sobre ir ou não para a cama.

Os dados são interessantes porque indicam que essa relação mais complicada com o sexo casual pode não ter a ver só com machismo e outros aspectos culturais. Para os psicólogos, como os resultados são parecidos nos dois países, é mais provável que as razões por trás do arrependimento feminino tenham fundo biológico. Como para as mulheres o sexo pode envolver um investimento maior, como nove meses de gravidez, é possível que esse mal-estar já tenha sido útil para selecionar parceiros mais colaborativos ao longo da evolução. Por enquanto, isso ainda é só uma teoria. Mais estudos são necessários para confirmar a ideia.

Sobre o autor

Jairo Bouer é médico formado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e bacharel em biologia pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Fez residência em psiquiatria no Instituto de Psiquiatria da USP. Nos últimos 25 anos tem trabalhado com divulgação científica e comunicação em saúde, sexualidade e comportamento nos principais veículos de mídia impressa, digital, rádios e TVs de todo o país.

Sobre o blog

Neste espaço, Jairo Bouer publica informações atualizadas e opiniões sobre biologia, saúde, sexualidade e comportamento.