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Jairo Bouer

Nos EUA, teste de DNA é novo recurso para encontrar parceiros

Jairo Bouer

05/03/2018 19h45

Crédito: Fotolia

Testes de DNA viraram mania já faz algum tempo nos EUA. Há exames para identificar origem dos ancestrais, risco de determinadas doenças e até programas de emagrecimento personalizados. Não é surpresa que agora existam até sites de paquera que utilizam o recurso para formar casais a partir de uma premissa pra lá de atraente: a química. Isso mesmo, aquela coisa inexplicável que faz as pessoas se interessarem sexualmente umas pelas outras.

Uma start up em Houston, no Texas, lançou recentemente a Pheramor. Como o próprio nome diz, a proposta é buscar a cara-metade com base na ciência dos feromônios, substâncias químicas que os animais exalam para atrair o sexo oposto. Alguns estudos científicos têm sugerido que o princípio também funciona com humanos, a partir de experimentos que envolvem homens, mulheres e camisetas impregnadas de suor. Além da Pheramor, há pelo menos outras duas empresas com serviços similares naquele país – a DNA Romance e a Instant Chemistry.

No caso da Pheramor, é preciso pagar US$ 16 (cerca de R$ 52) para receber um kit com o teste genético. A pessoa esfrega um cotonete na parte interna da bochecha, guarda num pote com solução e envia para a empresa pelo correio. O site explica que são sequenciados 11 genes, ligados ao sistema imunológico, que, segundo pesquisas, estão ligados à atração. Um algoritmo identifica, então, quais participantes do site apresentam as diferenças genéticas ideais. Lembre-se das suas aulas de biologia: indivíduos geneticamente diferentes geram descendentes mais férteis. É com base nessa teoria que, dizem, "os opostos se atraem".

Um artigo publicado em 2016 na revista científica Nature Biotechnology descreve alguns desses trabalhos nos quais a Pheramor diz se basear. Além dos dados genéticos, a empresa também analisa o comportamento dos candidatos nas redes sociais (posts, likes, comunidades etc) para recomendar os candidatos ideais para cada usuário. Afinal, química não é tudo – é preciso ter alguns interesses em comum também.

O problema é que, como os próprios estudos com feromônios apontam, ainda são necessárias muito mais pesquisas para desvendar como isso funciona nos humanos. Muitos desses trabalhos com camisetas suadas envolvem poucos indivíduos, e apenas heterossexuais. Assim, só o tempo vai mostrar se a proposta funciona, e se de fato a genética é o fator mais importante para determinar a atração entre dois humanos.

Um ponto interessante é que, diferente de outros serviços do gênero, este pode ter a vantagem de colocar em contato pessoas que jamais se conheceriam de outra maneira. Um homem que só procura mulheres com determinadas características físicas, por exemplo, pode receber a indicação de uma candidata bem diferente, e, se decidir dar uma chance para a teoria dos feromônios e marcar um encontro, pode se surpreender com o resultado.

Sobre o autor

Jairo Bouer é médico formado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e bacharel em biologia pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Fez residência em psiquiatria no Instituto de Psiquiatria da USP. Nos últimos 25 anos tem trabalhado com divulgação científica e comunicação em saúde, sexualidade e comportamento nos principais veículos de mídia impressa, digital, rádios e TVs de todo o país.

Sobre o blog

Neste espaço, Jairo Bouer publica informações atualizadas e opiniões sobre biologia, saúde, sexualidade e comportamento.