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Jairo Bouer

Namoro ajuda jovens gays e lésbicas a enfrentar melhor os problemas

Jairo Bouer

19/02/2018 12h14

Crédito: iStock

Adolescentes gays e lésbicas são bem menos afetados por problemas como bullying e preconceito quando estão em um relacionamento do que quando estão sozinhos, mostra um estudo conduzido por pesquisadores norte-americanos. Segundo eles, esse efeito protetor é até mais forte que o exercido pelo apoio dos pais e dos amigos.

O trabalho foi conduzido pelo Instituto de Saúde e Bem-Estar de Minorias Sexuais e de Gênero da Faculdade de Medicina da Universidade Northwestern, em parceria com a Universidade de Cincinnati.

Os benefícios de se estar em um relacionamento romântico à saúde mental já foram muito bem documentados em adultos, mas há poucos estudos voltados para jovens e, especialmente, para os das chamadas minorias sexuais.

Os pesquisadores analisaram dados de 248 jovens de 16 a 20 anos da região de Chicago, identificados como gays, lésbicas, bissexuais e/ou transgênero, e entrevistados ao longo de um período de cinco anos.

A conclusão foi clara: quando se tem um parceiro para compartilhar tudo o que acontece no dia a dia, as coisas boas da vida são amplificadas e há uma sensação maior de apoio para enfrentar as dificuldades. Isso é particularmente importante numa época como a adolescência, que envolve tantos conflitos, e numa sociedade em que o preconceito contra homo e bissexuais ainda é frequente.

Mas os pesquisadores ressaltam que as vantagens foram mais perceptíveis entre gays e lésbicas. Para os bissexuais, os relacionamentos românticos parecem trazer algumas dificuldades que tornam esse benefício menos expressivo. Entre os participantes com essa orientação sexual, aqueles que estavam namorando apresentaram 19% mais propensão à angústia do que aqueles que estavam sozinhos. Entre gays e lésbicas, os que estavam em um relacionamento apresentaram 17% menos angústia.

Os resultados, apresentados no Journal of Abnormal Psychology, indicam que os bissexuais podem ter fontes de estresse específicas, que precisam ser discutidas para que essa população tenha menos sofrimento psicológico. Outros trabalhos já mostraram que mulheres bissexuais, por exemplo, percebem que seus parceiros encaram sua orientação sexual como uma ameaça à sua própria masculinidade, por exemplo.

De qualquer forma, a pesquisa reforça a importância de iniciativas que ajudem gays, lésbicas e bissexuais a conhecer outros jovens com a mesma orientação. Ainda que os encontros resultem apenas em novas amizades, isso pode contribuir muito para o bem-estar desses adolescentes.

Sobre o autor

Jairo Bouer é médico formado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e bacharel em biologia pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Fez residência em psiquiatria no Instituto de Psiquiatria da USP. Nos últimos 25 anos tem trabalhado com divulgação científica e comunicação em saúde, sexualidade e comportamento nos principais veículos de mídia impressa, digital, rádios e TVs de todo o país.

Sobre o blog

Neste espaço, Jairo Bouer publica informações atualizadas e opiniões sobre biologia, saúde, sexualidade e comportamento.