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Jairo Bouer

Estudo mostra o que acontece quando cultivamos emoções positivas

Jairo Bouer

21/07/2015 19h45

FACEBOOK300Saber curtir as coisas simples da vida e cultivar emoções positivas é algo que faz bem à saúde, de acordo com diversas pesquisas. A questão é que nem todo mundo consegue fazer essas sensações durarem muito tempo.

Uma equipe de cientistas da Universidade de Miami, nos EUA, decidiu investigar de perto por que, para algumas pessoas, essas emoções positivas são mais fugazes.

A equipe descobriu que a duração da atividade em circuitos específicos do cérebro pode prever quanto tempo o bem-estar associado a um jantar agradável, por exemplo, pode durar para cada indivíduo. Os resultados foram publicados no The Journal of Neuroscience.

Descobertas desse tipo são importantes para entender melhor transtornos como a depressão, que afeta mais de 350 milhões em todo o mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

No experimento, que durou dez dias, cerca de 100 adultos tinham que concluir um jogo de adivinhação rápido pelo smartphone e, cerca de 15 minutos depois, responder a perguntas sobre suas emoções também pelo celular.

Aqueles que acertavam o jogo ganhavam certa quantia em dinheiro, o que gerava uma rajada de bem-estar. Perder, obviamente, gerava a sensação oposta.

Os mesmos participantes, depois, tinham que completar o jogo enquanto cientistas coletavam exames de ressonância magnética cerebral. Aqueles que apresentaram maior atividade em uma região associada a recompensa – o chamado  "estriado ventral" – relatou uma emoção positiva mais duradoura.

De acordo com o autor principal do trabalho, Richard Davidson, outros estudos também já tinham esse padrão a níveis mais elevados de bem-estar. Ele acrescenta que práticas como cultivar a bondade e a compaixão também podem aumentar o "saborear" das emoções positivas, segundo esses mesmos trabalhos. Ou seja, essa capacidade pode ser treinada, digamos assim.

Para ele, a pesquisa atual pode abrir caminho para formas de fazer com que as pessoas obtenham sensações agradáveis pelo smartphone ao longo do dia, o que pode ajudar a criar mudanças em redes de neurônios e, quem sabe, melhorar o humor a longo prazo.

Sobre o autor

Jairo Bouer é médico formado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e bacharel em biologia pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Fez residência em psiquiatria no Instituto de Psiquiatria da USP. Nos últimos 25 anos tem trabalhado com divulgação científica e comunicação em saúde, sexualidade e comportamento nos principais veículos de mídia impressa, digital, rádios e TVs de todo o país.

Sobre o blog

Neste espaço, Jairo Bouer publica informações atualizadas e opiniões sobre biologia, saúde, sexualidade e comportamento.