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Jairo Bouer

Homens se sentem ameaçados quando chefe é mulher, mostra pesquisa

Jairo Bouer

10/07/2015 13h41

CHEFE300Homens ainda tendem a se sentir ameaçados quando têm chefes do sexo feminino. É o que mostra uma pesquisa feita nos Estados Unidos e publicada pela Society for Personality and Social Psychology.

Segundo a pesquisadora Ekaterina Netchaeva, professora da Universidade de Bocconi, na Itália, mesmo os homens que defendem a igualdade de direitos sentem, ainda que de forma inconsciente, o avanço das mulheres para posições de destaque nas empresas como uma ameaça a sua masculinidade.

A autora explica que as mulheres ainda são minoria em cargos de gerência sênior nos EUA, mas estão em pé de igualdade com os homens em níveis mais baixos de chefia, de acordo com as estatísticas.

Netchaeva e sua equipe realizaram três experimentos. O primeiro contou com 76 estudantes universitários (52 homens e 24 mulheres), que tinham que negociar seu salário em um novo emprego com um chefe homem ou uma chefe mulher.  No teste, feito no computador, eles tinham que adivinhar o significado de certas palavras que apareciam em uma fração de segundo.

Os participantes que distinguiam melhor termos como "risco" ou "medo" foram considerados mais propensos à sensação de ameaça. Como consequência, eles empurraram o salário mais para cima (uma média de 49,5 mil dólares), em comparação com os que negociaram com um chefe do sexo masculino.

O gênero do gerente não afetou as participantes do sexo feminino. Elas negociaram um salário mais baixo (cerca de 41,3 mil dólares) com ambos, o que reflete uma tendência menor à agressividade das mulheres.

Em outro experimento, 68 estudantes universitários do sexo masculino tiveram que decidir como dividir um bônus de 10 mil dólares com um membro da equipe, do mesmo sexo, ou com uma supervisora feminina. Os homens dividiram o valor igualmente entre os colegas, mas, na hora de dividir com a chefe mulher, tentaram ficar com a maior parte do dinheiro.

Um terceiro experimento semelhante ainda foi feito pela internet com 370 pessoas (226 homens e 144 mulheres). E os participantes do sexo masculino novamente tentaram ficar com a maior parte do bônus quando a gerente era mulher e, principalmente, quando ela era apresentada como uma pessoa ambiciosa. Isso não aconteceu com as participantes do sexo feminino.

Netchaeva afirma que esse comportamento dos homens diante de chefes do sexo feminino pode alterar a dinâmica no ambiente de trabalho, trazendo consequências negativas para a performance da equipe. A única forma de mudar isso, segundo a pesquisadora, é estimular os empregados a reconhecer essa tendência e tentar mudar de atitude.

Sobre o autor

Jairo Bouer é médico formado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e bacharel em biologia pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Fez residência em psiquiatria no Instituto de Psiquiatria da USP. Nos últimos 25 anos tem trabalhado com divulgação científica e comunicação em saúde, sexualidade e comportamento nos principais veículos de mídia impressa, digital, rádios e TVs de todo o país.

Sobre o blog

Neste espaço, Jairo Bouer publica informações atualizadas e opiniões sobre biologia, saúde, sexualidade e comportamento.