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Jairo Bouer

Vida de cupido não é fácil, pois cada um tem seu jeito de paquerar

Jairo Bouer

13/02/2015 13h15

CUPIDO300Se você quer saber se alguém está interessado em você, basta prestar atenção em como a pessoa se comporta, dizem os "experts" no assunto. Mas cada indivíduo tem seu próprio estilo de paquera, segundo um estudo.

Segundo Jeffrey Hall, professor da Universidade do Kansas, nos EUA que já publicou livros e pesquisas sobre o assunto, a forma como alguém manifesta interesse por outra diz muito sobre o que o flerte significa para a pessoa.

Em um trabalho recente em parceria com Chong Xing, publicado no Journal of Nonverbal Behavior, ele fez uma análise dos comportamentos verbais e não verbais e concluiu que existem cinco estilos básicos de paquera, associados ao perfil de cada pessoa.

Em um primeiro momento, os pesquisadores avaliaram 51 pares de heterossexuais conforme seu estilo de paquera, segundo um questionário específico (quem se interessar pode fazer o teste em inglês em flirtingstyles.dept.ku.edu/.

Os pesquisadores contaram com 51 pares heterossexuais, que foram convidados a interagir ao longo de 12 minutos em um ambiente com mesas e café. Eles foram filmados e cada um tinha à disposição cartões com frases para puxar assunto, como "do que você mais se orgulha na vida?".

Os pesquisadores codificaram 36 comportamentos verbais, como fazer elogios e perguntar bastante sobre o outro,  e não verbais, como cruzar as pernas e brincar com objetos na mesa. Eles perceberam que, ao longo da conversa, quanto mais atraída a pessoa se sentia, mais ela revelava seu estilo de paquera.

Os sinceros, por exemplo, demonstravam atenção e sorriam mais, com aquele olhar tímido que muita gente conhece. Os tradicionais também se comportavam seguindo sua lógica: os homens adotavam uma postura corporal aberta e as mulheres, mais recatadas.

Os educados é que foram os mais difíceis de ser "lidos". Como se pode imaginar, esse estilo de paquera não é muito óbvio para quem está sendo paquerado. Manter o espaço entre as duas pessoas, por exemplo, é uma atitude que muita gente interpreta como falta de proximidade, mas os educados adotam o comportamento porque são respeitosos.

Os mais físicos, porém, surpreenderam um pouco os pesquisadores. Eles fizeram menos elogios e pareceram se comportar de forma um pouco mais hesitante ao conversar com a pessoa cara a cara. Talvez para esse perfil seja mais fácil agir em ambientes como festas e casas noturnas.

Concluir que alguém não está interessado em nós é relativamente fácil, segundo os autores da pesquisa. Mas ter certeza de que somos correspondidos é bem mais difícil, e a razão é justamente o fato de existirem estilos diferentes de paquera. Não é à toa que o cupido com frequência erra seu alvo ao lançar a flecha.

Sobre o autor

Jairo Bouer é médico formado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e bacharel em biologia pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Fez residência em psiquiatria no Instituto de Psiquiatria da USP. Nos últimos 25 anos tem trabalhado com divulgação científica e comunicação em saúde, sexualidade e comportamento nos principais veículos de mídia impressa, digital, rádios e TVs de todo o país.

Sobre o blog

Neste espaço, Jairo Bouer publica informações atualizadas e opiniões sobre biologia, saúde, sexualidade e comportamento.